Um entregador que carrega encantarias e a sorte em estar vivo. Seu exercício é encruzar fronteiras, propagar anúncios e ter nos sonhos o lugar no qual o assombro não entra. Esse é o fio condutor de “Manifesto do Sonho”, do artista cearense Wellington Gadelha, que parte da concepção de “sonho” e “assombro” para refletir sobre discursos e ações que controlam e ameaçam a possibilidade de sonhar das pessoas negras. A ação cênica-imersiva cumpre curta temporada no Sesc Avenida Paulista.
Manifesto do Sonho é uma animação-vídeo/sonora-performática que propõe um instante poético de um mensageiro negro-favelado e nordestino. O artista conta que sua pesquisa começou em 2020, durante a pandemia de COVID-19, período em que o setor da cultura e eventos foi um dos mais prejudicados, fazendo com que muitas pessoas, assim como Wellington, buscassem novas formas de renda, como o trabalho de entregador por aplicativo.

“Na bag tinha mais do que comida, tinha sonho”, destaca Wellington, que explica: “conforme o tempo foi passando e as coisas foram melhorando, o desejo de reencontrar pessoas importantes, os mestres (com suas sabedorias ancestrais), era como um acalanto e uma bússola para dias que seguiriam”.
Dentro da pesquisa Manifesto do Sonho, as ideias de “assombro” e “sonho” foram ganhando corpo e desdobramentos, como vídeo-dança, vídeo documental, instalação interativa e agora em um solo de dança cênico-imersivo.

Neste novo trabalho, o artista se relaciona com o espaço e materialidades – criando diálogos entre as linguagens, fundindo imagens, elementos visuais e de movimento na construção de uma poética em dança que transita entre o campo sensorial, instalativo e imersivo. “Nele, eu coloco o meu corpo em diálogo e como extensão das mídias, ao encruzar as fronteiras de imagens, objetos, beats e flows, costurando a ideia de imersão para o público”, ressalta Gadelha.
A composição busca experimentar o corpo e a coreografia como discurso, articulando memórias pessoais e realidade coletiva, promovendo reflexões que transitam entre o íntimo e o universal.

Wellington Gadelha desenvolve trabalhos e pesquisa na Plataforma Afrontamento. Tem interesse no campo contemporâneo a partir da composição, improvisação e dramaturgia. O artista desenvolve ações no campo da performance, vídeo-dança, instalações e processos imersivos em arte-tecnologia e arte sonora, além de integrar coletivos que atuam com ênfase nos direitos humanos, periferia e juventude negra.
Ficha técnica:
Concepção, texto e narração: Wellington Gadelha | Interlocução cênica: Andréia Pires | Desenho sonoro: Eric Barbosa | Desenho de luz: Rai Santorini | Figurino: Isac Bento | Projeção e vídeo: Matheus Rocha | Produção executiva: Georgiane Carvalho | Produção geral: Plataforma Afrontamento.
MANIFESTO DO SONHO

Temporada: De 10 a 17 de Abril*
Horário: Terça a Sábado, às 20h | Domingo, às 18h
Local: Avenida Paulista, 119, Bela Vista
Ingressos: R$50,00 (inteira) | R$25,00 (Meia) | R$15,00 (Credencial plena) | Compre aqui
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
- Dia 14 de Abril não haverá sessão
- Sessões com recursos de acessibilidade: Libras em todas as sessões | Audiodescrição: Dia 13 de Abril
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