O espetáculo “Um Jardim para Tchekhov”, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil SP, ganha sessão extra e muda de horário aos sábados. No elenco estão Maria Padilha, Leonardo Medeiros, Erom Cordeiro, Olivia Torres e Iohanna Carvalho.
A dramaturgia – O bom humor na dramaturgia diante das intolerâncias de nosso tempo
A peça é uma mistura explosiva de gêneros e culturas, que brinca com os contrastes entre realidade e ficção, comédia e drama, passado e presente, Brasil e Rússia. “Tem uma distância com o tempo que às vezes parece anacrônica e ao mesmo tempo não. Tem essa distância da Rússia e do Brasil, que são países muito diferentes, mas quem já foi à Rússia, diz que o temperamento russo tem a ver com o nosso, com a nossa passionalidade, também são dois países continentais, então a peça tem esse jogo de aproximação e distanciamento que é muito interessante, muito teatral”, afirma o dramaturgo Pedro Brício.
De acordo com ele, “Um Jardim para Tchekhov” tem uma grande comunicação com a plateia, por falar sobre o tempo atual. “No espetáculo são abordados alguns textos do Tchekhov que fazem uma relação entre a ecologia e a forma como a gente vive em uma cidade grande, por exemplo. Há mais de um século ele já tinha esse olhar, que ainda hoje é um assunto muito atual”, fala. Tanto é que quando a peça estava em Belo Horizonte, estavam acontecendo queimadas por lá. Foi um tópico que tocou o público de forma diferente.”
Apesar de dialogar com a obra do autor russo, o texto apresenta uma visão única e original sobre os tempos de intolerância que vivemos, segundo Pedro Brício. “O tom tchekhoviano está na dualidade de emoções, nas tensões sociais, na aridez da violência, na intolerância. Por outro lado, há o afeto, a beleza, situações patéticas, risadas. É uma mistura de sentimentos, é sobre rir das nossas dores”.
Por mais que a Alma Duran esteja passando por uma situação difícil, lidando com o fracasso, com a falta de dinheiro, não perde a capacidade de sonhar, de inventar um futuro. Ela planta cerejeiras em um jardim abandonado do condomínio, em pleno Rio de Janeiro. São esses elementos que trazem para perto do público o que, aparentemente, estaria distante no tempo e no espaço, como a obra de um autor russo que viveu entre o século XIX e o XX.
Georgette Fadel, que dirige “Um Jardim para Tchekhov”, conta que “o autor é geralmente lido do ponto de vista psicológico, das relações sociais, mas ele tem uma vertente de humor muito importante, a qual a equipe escolheu ressaltar. ‘O Jardim das Cerejeiras’, por exemplo, é uma comédia, mas ficou conhecida na montagem do diretor russo Constantin Stanislavski, que insistiu em encená-la como um drama, o que conferiu a ela essa pecha”.
A tensão, o riso e a poesia
Em “Um Jardim para Tchekhov”, a diretora nos convida a uma reflexão sobre a efemeridade da vida. “A cenografia, em constante movimento, como um jardim balançado pelo vento, simboliza a fragilidade e a beleza da existência. Os bonecos ‘João Bobo’ representam a humanidade em suas alegrias e tristezas, enquanto o vento, personagem onipresente, nos lembra da passagem do tempo”, conta Georgette.
A peça nos transporta para um universo onde o real e o imaginário se entrelaçam. Ao acompanhar os personagens em suas jornadas, o público vivencia uma experiência teatral rica e emocionante, marcada pela comédia, pelo drama e pela poesi
Concepção do projeto
Partiu da atriz Maria Padilha a ideia de fazer uma montagem envolvendo Anton Tchekhov. Seu primeiro trabalho com o autor russo foi em 1999, na peça “As Três Irmãs”, dirigida por Enrique Diaz. “Me apaixonei por sua obra, pelo ser humano que ele foi. Desde então sonhava em montar uma peça dele, mas é algo grandioso, com muitos personagens e ficaria inviável financeiramente. Convidei, então, o Pedro Brício, com quem havia trabalhado no monólogo ‘Diários do Abismo’, que fez uma brilhante adaptação das obras da escritora mineira Maura Lopes Cançado. Como grande dramaturgo que é, ele criou a história original que se transformou na peça ‘Um Jardim para Tchekhov’”.
“A Alma Duran é um verdadeiro presente”, a atriz sublinha. “Ela traz um sopro de vida, um sopro de arte. Chega para mudar as relações, tanto na sua família, como para a estudante de teatro Lala, que recebe aulas particulares da atriz. Alma simboliza a própria arte e o teatro como um lugar de respiro, de ar. Ela está entre o lírico e o humor, o drama e a comédia – algo que me dá muito prazer em representar como atriz”, revela Padilha.
As divas do teatro brasileiro
Maria Padilha conta que Alma Duran tem bastante de Tchekhov, “aquela coisa febril, de estar vivendo uma fantasia e, de repente, cair na realidade”. E, para além da inspiração no autor russo, as chamadas divas do teatro brasileiro têm um papel importante na construção da personagem. “Ela tem muito de Marília Pêra, que foi minha primeira diretora, da Fernanda Montenegro, da Nathalia Timberg, da Renata Sorrah, por quem sou apaixonada, da Marieta Severo, da Camila Amado. Admiro todas que vieram antes de mim, que construíram a história do teatro, como Cleyde Yáconis, Cacilda Becker, Dercy Gonçalves, Tônia Carrero, Myriam Muniz. Quando falamos em artes cênicas no Brasil não tem como não lembrar da importância dessas divas que pavimentaram a estrada para nós estarmos aqui”, ressalta Padilha.
Ficha Técnica
Dramaturgia: Pedro Brício
Direção Artística: Georgette Fadel
Elenco: Maria Padilha, Leonardo Medeiros, Erom Cordeiro, Olivia Torres e Iohanna Carvalho Interlocução de dramaturgia: André Emídio e Maurício Paroni de Castro
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenário: Pedro Levorin e Georgette Fadel
Figurino: Carol Lobato
Trilha Sonora: Lucas Vasconcellos
Preparação Corporal: Marcia Rubin
Designer Gráfico: Luiz Henrique Sá
Fotos de Divulgação: Filipe Costa e Guto Muniz
Assistência de Direção: Bel Flaksman
Operação de Luz: André Pierre
Operação de som: JP Hecht
Contrarregra: Wallace Lima
Coordenação Administrativo-financeira: Letícia Napole e Alex Nunes
Produção Local: CULT_B – Gustavo Valezzi
Assistência de Produção: Luciano Pontes
Produção Executiva: Ártemis
Direção de Produção: Silvio Batistela
Produção: Cena Dois Produções Artísticas
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil e Ministério da Cultura
Patrocínio: Banco do Brasil e Governo Federal
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Carina Bordalo
UM JARDIM PARA TCHEKHOV
Temporada: Até 08 de Dezembro
Horário: Quintas e Sextas, às 19h | Sábados, às 16h e 18h30 | e Domingos e Feriados, às 17h*
Local: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico – SP
Ingressos: R$30,00 (inteira) | R$15,00 (meia) | Compre aqui
Duração: 110 min
Classificação: 14 anos
Capacidade: 120 lugares
*Dia 16 de Novembro as sessões serão às 17h e 19h30
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