Quem disse que lugar de palhaço e palhaça é apenas no circo? A palhaçaria é uma arte ancestral e pode estar em vários lugares, inclusive no teatro. O SESC Paulista recebe os solos A Ira Do Afeto e Não Aprendi Dizer Adeus, protagonizados e idealizados pelas atrizes Débora Veneziani e Bárbara Salomé, respectivamente – dois espetáculos que usam a linguagem da palhaçaria para o público adulto para falar de assuntos tabus para a sociedade, e ambos com direção e dramaturgia assinadas (em parceria com as artistas) por Rafaela Azevedo, criadora do espetáculo- fenômeno King Kong Fran, que atingiu 100 mil espectadores em novembro deste ano.
Abrindo a programação, a conversa A Liberdade de Ser Ridícula com a diretora e dramaturga Rafaela Azevedo e as atrizes Débora Veneziani e Bárbara Salomé, falando sobre a linguagem da palhaçaria, do ponto de vista feminino, no teatro. “A palhaçaria é sobre uma humanidade, que até então estava restrita aos homens. Recentemente a mulher vem conquistando liberdade, inclusive a de ser ridícula, quebrando
padrões e criando novas linguagens”, explica Rafaela Azevedo.
Débora Veneziani sobe aos palcos vivendo a palhaça Devora para apresentar o espetáculo A Ira Do Afeto, um mergulho nos relacionamentos afetivos, colocando a lente de aumento de uma palhaça que mantém comportamentos extremos e vive sempre no limite. O solo é fruto de uma extensa pesquisa da atriz e
bailarina Débora Veneziani sobre pressões sociais impostas às mulheres. Apoiada na linguagem de máscara cômica, a personagem inverte o ponto de vista da normatividade, fazendo o público se questionar o que é motivo de risada. No enredo, acompanha-se a trajetória de uma mulher prestes a ser presa, assumindo todos os riscos possíveis para conseguir amar e ser amada. O espetáculo trata com humor de questões como abandono, saúde mental e abusos psicológicos vividos principalmente por
mulheres. “A peça faz questionar, rir e chorar, convidando o público à reflexão sobre as complexidades da mente humana e a sociedade que muitas vezes tenta enquadrá-la em padrões rígidos”, comenta Débora Veneziani.
A programação segue com o monólogo Não Aprendi Dizer Adeus,que fala de forma poética e divertida sobre um dos maiores tabus de nossa sociedade, a morte. No solo, acompanha-se o último dia de vida da
palhaça Leila Simplesmente Leila, vivida por Bárbara Salomé, que ao se deparar com a iminência do fim, passa pelos cinco momentos característicos do luto: negação, barganha, raiva, depressão e aceitação.
De maneira atrapalhada e divertida, Leila tenta de mil formas escapar do inevitável. Ao lidar com seu apego, a palhaça convida o público a fazer o mesmo e, como num ritual, tentarão juntos aprender a dizer ‘adeus’. Idealizadora do projeto, Bárbara Salomé viveu a morte muito cedo em sua vida ao perder repentinamente aos 5 anos de idade, sua irmã mais nova. “A minha primeira experiência de vida é de morte. Essa lacuna sempre me provocou medo, ao mesmo tempo vontade de entendimento, já que os adultos sempre evitavam o assunto”, explica Bárbara Salomé.
Esse espetáculo foi realizado através do Edital PROAC 10 e tem feito uma série de apresentações por espaços culturais, festivais e temporadas desde a sua estreia, em 2022, o mesmo ano que foi eleita como uma das 25 melhores peças (sendo a única de palhaçaria), segundo a Folha de São Paulo.
PROGRAMAÇÃO
A LIBERDADE DE SER RIDÍCULA
(com a diretora e dramaturga Rafaela Azevedo, e as atrizes Débora Veneziani e Bárbara Salomé)
Dia 05 de Dezembro | Quinta, às 20h | Ingressos: Gratuito
A IRA DO AFETO
Dia 06, 07 e 08 de Dezembro | Sexta e Sábado, às 20h | Domingo, às 18h | Ingressos: Compre aqui
NÃO APRENDI DIZER ADEUS
Dia 13, 14 e 15 de Dezembro | Sexta e Sábado, às 20h | Domingo, às 18h | Ingressos: Compre aqui
Local: Av. Paulista, 119 – Bela Vista
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