“Poema” reflete sobre traumas da pandemia em solo impactante de Edjalma Freitas

Montagem é uma adaptação do livro Tetralogia Da Peste [+dois tempos, uma cidade], de Antonio Martinelli.

As experiências traumáticas, aquelas que nos desafiam mental e emocionalmente, aquelas que nos jogam contra a parede, que nos machucam, como lidar com elas? O que fazer para não sucumbir à aflição? E quando se trata de uma comoção coletiva, nacional, mundial, o que fazer? Fingir que não existiu? Que foi somente um pesadelo, um sonho, um delírio? Jogar para debaixo do tapete e esquecer? E os mais de setecentos mil mortos? (apenas no Brasil). E os caixões empilhados em valas comuns, o que nos dizem? Deixamos no passado ou devemos, pelo contrário, em nome dos mortos, dos que perderam amigos, filhos, mães, expor corajosamente, as cicatrizes ainda inflamadas do trauma?

Cena do espetáculo Poema com Edjalma Freitas no palco
Foto: Lucas Emanuel

Poema, espetáculo solo de Edjalma Freitas, dirigido por Quiercles Santana, aposta suas fichas na manutenção da memória como forma de enfrentar o flagelo, a fim de que não volte a se repetir, ou pelo menos não mais da maneira tão letal como aconteceu: por negligência do Estado, por ignorância política.

Nascida sob o signo nefasto da pandemia do Novo Coronavírus, a montagem é uma adaptação do livro Tetralogia Da Peste [+dois tempos, uma cidade], do escritor, jornalista, poeta e gestor cultural Antonio Martinelli, publicado em 2020 pela n-1 Edições.

Cena do espetáculo Poema com Edjalma Freitas no palco
Foto: Lucas Emanuel

Submergindo na escrita do autor paulista, a Cia do Ator Nu traz ao palco uma miríade de imagens, metáforas, atmosferas, que são na verdade tentativas de não deixar cair no esquecimento a catástrofe sanitária (e também política) que assolou o Brasil (e o mundo) há pouco mais de 4 anos.

Neste sentido, Poema se coloca como um convite à reflexão crítica (comovente, furiosa e irônica, sem ser cínica). O intuito é estimular o público a pensar sobre o sentido de existir e resistir, continuar existindo, em suma, de continuar a continuar.

Cena do espetáculo Poema com Edjalma Freitas no palco
Foto: Lucas Emanuel

Parafraseando Theodor Adorno, filósofo alemão da Escola de Frankfurt, o grupo de artistas pernambucano pergunta: “depois da pandemia da Covid-19, a poesia ainda é possível?” Sim, é possível. Não a poesia agridoce, delicada, pueril e escapista. Mas aquela nascida da dor, da perda, da peste, da solidão e do medo; aquela que expresse o crime e a crueldade que vitimou de forma tão contumaz os menos favorecidos economicamente e que, justo por isso, não podem e não devem ser jamais esquecidos.

FICHA TÉCNICA
Idealização, criação e atuação: Edjalma Freitas
Texto: Tetralogia da Peste [+ Dois Tempos, uma Cidade] de Antônio Martinelli
Direção: Quiercles Santana
Trilha Sonora Original Composta: Pedro Huff e Tarcísio Resende
Cenografia e Figurino: Luciano Pontes
Iluminação: Luciana Raposo
Provocação Corpovoz: Henrique Ponzi
Design Gráfico: Hana Luzia
Vídeo (08 de janeiro) Montagem e Edição: Gabriel Sivieiro
Fotografia: Lucas Emanuel
Produção: Edjalma Freitas
Realização: Cia. do Ator Nu

POEMA

Cena do espetáculo Poema com Edjalma Freitas no palco
Foto: Lucas Emanuel

Temporada: De 13 a 22 de Junho
Horário: Sextas e Sábados, às 20h | Domingos, às 17h
Local: Rua Barão de Campinas, 529 – Campos Elíseos
Ingressos: 40,00 (inteira) | 20,00 (meia-entrada) | Compre aqui
Duração: 60 minutos

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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