“O Som da Nossa Canção”: Um musical brasileiro independente e impactante

Espetáculo "O Som da Nossa Canção" explora a seca, amor e autoconhecimento em um sertão distópico.

A produção de teatro musical brasileira continua crescendo com uma diversidade de montagens e adaptações que não deixam nada a desejar em relação aos espetáculos estrangeiros. No entanto, é hora de virar os holofotes para as criações originais e autorais, especialmente aquelas independentes, que trazem ao público um olhar autêntico e profundo sobre temas contemporâneos e culturais.

“O Som da Nossa Canção” é um exemplo dessa originalidade. Com texto, música e direção assinados por Caio Bonicontro, o espetáculo leva o público a uma viagem imersiva pelo sertão “distópico” da cidade fictícia de Areado. Aqui, “distópico” é colocado entre aspas, pois a seca que assola essa região reflete um problema real e atual em diversas partes do mundo, especialmente diante das mudanças climáticas e da crise hídrica.

Lucas Godoy em O Som da nossa canção
Foto: Anderson Ferreira
Edyelle Brandão em O Som da nossa canção
Foto: Anderson Ferreira

No palco do Teatro Viradalata, Bonicontro cria uma história cativante e reflexiva, embalada por personagens carismáticos e talentosos. O espetáculo explora a interação entre dois anfitriões (Raphael Mota e Núbia Geyzas) com uma dinâmica leve e divertida, que guiam o público por uma jornada quase mágica, onde um circo, em toda sua grandiosidade, apresenta figuras como a Mulher Barbada, a Engolidora de Pimentas e o carismático Palhaço Pompeu (Lucas Godoy).

Do outro lado da trama, conhecemos Iara (Edyelle Brandão), uma jovem de voz poderosa e presença marcante, que vive isolada com sua irmã Pérola (Camila Vergasta) em um sítio próximo. Na cidade, circula o boato de que ela é uma bruxa, sendo a responsável pela falta d’àgua e pela ausência da ‘Chuva Milagrosa”, outrora famosa em Areado.

Elenco de O Som da Nossa cançao
Foto: Anderson Ferreira

Esses dois mundos se entrelaçam em um enredo permeado pela musicalidade de Victor Pretti, que traz os melhores ritmos brasileiros para o palco e emociona a plateia com canções que vão desde momentos de puro entretenimento até cenas de introspecção.

O antagonista e a reflexão sobre o amor e o autoconhecimento

Como toda história épica, “O Som da Nossa Canção” também apresenta seu vilão. Neste caso, Gonzales (Marcio Godoy) proprietário do Circo Magestic , emerge como uma figura complexa, carregada de mistérios e intenções ambíguas. No entanto, o espetáculo provoca o público a refletir sobre a seca dos corações, a ausência de amor e a busca pelo autoconhecimento.

Marco Godoy e Lucas Godoy em  O Som da Nossa Canção
Foto: Anderson Ferreira

A obra traz reflexões sobre o vazio emocional e a jornada por essa busca em se permitir olhar pra dentro e se re-conhecer, abraçar o seu eu interior. Essas questões se tornaram ainda mais relevantes após o impacto da pandemia, que alterou a forma como nos relacionamos, não apenas no campo amoroso, mas em todos os aspectos da convivência.

A jornada de Iara e Pompeu nos mostra como o autoconhecimento, o diálogo e, às vezes, um empurrãozinho de amigos podem transformar vidas.

Destaques de direção e visual

Elenco de O Som da nossa Canção
Foto: Anderson Ferreira

A Direção de Movimentos, a cargo de Danilo Coelho, merece destaque por dar vida à seca e à chuva no sertão. Por meio de gestos e expressões precisas dos atores, ele consegue transmitir ao público as condições extremas vividas pelos moradores de Areado, criando uma atmosfera rica em simbolismo. Cada movimento comunica as nuances dos personagens e as camadas da história.

Outro ponto alto da montagem é o trabalho de visagismo feito por Fabrício Tintiliano, que transporta o público para um sertão cheio de dificuldades, mas também cheio de beleza, esperança e resiliência. A maquiagem e os figurinos reforçam o ambiente árido e ao mesmo tempo evocam uma sensação de renovação e renascimento, em harmonia com a busca dos personagens por amor e propósito.

Reconhecimento e prêmios

Elenco de O Som da nossa Canção
Foto: Anderson Ferreira

“O Som da Nossa Canção” já conquistou reconhecimento no cenário teatral, tendo levado 7 dos 9 prêmios para os quais foi indicado no 28º FESTEVI (Festival de Teatro de Vinhedo – SP).Entre os prêmios recebidos estão Melhor Sonoplastia, Melhor Figurino, Atriz Revelação, Melhor Atriz, Melhor Ator, Melhor Direção e Melhor Peça Teatral.

“O Som da Nossa Canção” é uma celebração do talento e da originalidade do teatro brasileiro. A peça convida o público a refletir sobre temas profundos, como a escassez de água, a necessidade de conexão e o autoconhecimento, enquanto se emociona com uma trilha sonora que valoriza ritmos nacionais e um enredo envolvente.

Fica o convite para você conferir essa produção ao vivo e mergulhar no sertão mágico e distópico de Areado. Abaixo, você encontra os detalhes para garantir sua presença:

Temporada: Até 18 de dezembro
Horário: Terças e Quartas, às 20h*
Duração: 110 minutos (com intervalo de 15 minutos)
Classificação: Livre
Local: Rua Apinajés, 1387 – Sumaré
Ingressos: Compre aqui
Plateia – R$ 100,00 (inteira) | R$ 50,00 (meia)
Balcão – R$ 50,00 (inteira) | R$ 25,00 (meia)
Promocional Trupe – R$ 60 (Utilizando o código #TRUPE)

*Sessão Extra: Dia 06 de Dezembro (sexta-feira) às 20h

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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