Nova edição do ||entre|| arte e acesso, que reúne teatro, dança, performance e literatura da cultura def, tem formato inédito

Em 2025, a mostra artística apresenta programação com uma cena curta encomendada, um espetáculo e um bate-papo com o público.

O Itaú Cultural promove mais uma edição do ||entre|| arte e acesso, evento de cultura def – protagonizada por pessoas com deficiência –, que também inclui um edital de apoio a projetos artísticos e um portfólio coletivo de artistas com deficiência. A programação deste ano funciona em um novo formato: em cada um dos dias, haverá uma cena curta encomendada, um espetáculo e um bate-papo dos artistas com o público.

Procurando valorizar a arte produzida em todos os territórios do Brasil, desta vez, as cenas curtas são de autoria de realizadores da região Norte do país. A curadoria delas foi desenhada a partir do arte e acesso – portfólio coletivo de artistas com deficiência, que mapeia nomes da cultura def nacional. Mais uma vez, a mostra perpassa várias linguagens, como o teatro, a dança, a performance e a literatura, e abarca, também, diversas vivências. Vale observar que a seleção anterior no edital do ||entre|| arte e acesso não é um pré-requisito para a participação na mostra artística, que traz um panorama da cena def brasileira.

Sobre a programação

Corpo, Preto, Surdo - Nós Estamos Aqui
Corpo, Preto, Surdo – Nós Estamos Aqui | Foto: Filipe Abras

Quem abre a programação da sexta-feira é o escritor, cantor e compositor Cláudio Macagi, baseado em Tocantins. A cena Flores do Caos é inspirada em alguns de seus poemas e mistura várias linguagens, como declamação, performance, música, audiovisual e interpretação em libras.

Em seguida, o palco da Sala IC recebe o espetáculo de dança DEFFUTURISMO, solo de João Paulo Lima, que também assina a direção e o texto da obra. Trata-se de uma dança-manifesto que imagina um futuro diferente, no qual a norma são os corpos e as existências de pessoas com deficiência.

Utilizando um figurino artesanal, feito com materiais reciclados, Lima reivindica um mundo cujo padrão é o desnivelamento, a lentidão, o contratempo, as curvas e espessuras diversas do existir ou não de membros.  Além de questionar o preconceito com a cultura def, em DEFFUTURISMO, Lima também aborda a preservação do meio-ambiente e o consumo excessivo.

Seguindo a agenda do ||entre|| arte e acesso, a noite termina com uma conversa de Macagi e Lima com a plateia, mediada pelo ator Giovanni Venturini.

DEFFUTURISMO
DEFFUTURISMO – Foto: Marcella Elias

No sábado a mostra do ||entre|| arte e acesso começa com o espetáculo AUTORRETRATO COM FRIDA(Z) E FLORES ou GARATUJAS DE UMA MÃE ATÍPICA, única apresentação desta edição que acontece na Sala Vermelha. Em cena, a atriz Ruth Melchior, do grupo paulistano Companhia Antropofágica, faz um relato sobre sua maternidade atípica e sua convivência com a filha, Frida, que nasceu com uma síndrome rara. Com recursos da música e do audiovisual, ela costura a história de sua menina com a de outra Frida, a pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954), que também era uma mulher com deficiência.

A direção é de Renata Adrianna e Thiago Reis Vasconcelos, parceiros de Ruth na Companhia Antropofágica, trupe de teatro tradicional com mais de 20 anos de existência. Depois do espetáculo, o grupo promove um bate-papo com o público.

Depois a agenda continua na Sala Itaú Cultural com a cena curta ZOOM, da dançarina paraense Socorro Lima. O trabalho, que ela chama de processo coreográfico interativo, surgiu de uma adaptação que Socorro aprendeu a fazer para enxergar as marcações no palco como uma pessoa com baixa visão.

O segundo espetáculo do sábado é Corpo, Preto, Surdo: Nós Estamos Aqui, da companhia mineira BH em Libras, comandada pelo ator e intérprete Marcos Andrade. Na peça bilíngue, apresentada em português e em libras, ele divide o palco com a bailarina surda Jaqueline Gonçalves. A partir do teatro, da dança e de outros recursos cênicos, a dupla narra as dificuldades vividas por pessoas negras surdas e ouvintes, versando sobre identidade, representatividade e resistência.

A peça, que tem direção de Carlandreia Ribeiro, passou pela Mostra Surda de Teatro, no Festival de Curitiba deste ano, um dos mais consagrados eventos brasileiros de artes cênicas. Novamente, ao final, há um bate-papo dos artistas com a plateia, mediado por Léo Castilho, artista, educador e produtor cultural. 

O espetáculo do último dia do evento, domingo é Rotação, apresentado pelo casal de artistas Giovanni Venturini e Lívea Castro na Sala Itaú Cultural. Mas, antes acontece uma visita tátil, voltada a pessoas cegas e com baixa visão, pelo cenário da peça. Para participar, basta chegar no horário e apresentar o ingresso já adquirido para o espetáculo.

Anga Ibi
Anga Ibi | Foto: Valerio Silveira

Em Rotação, em um cenário repleto de escadas, Giovanni Venturini e Lívea Castro brincam com questões como profundidade, altura, ângulo, distância, tridimensionalidade, convergências e divergências para falar sobre as diferentes perspectivas de um encontro entre pessoas.

Mesclando teatro, dança e performance, Rotação é um espetáculo interativo e convida os presentes na plateia a experimentarem, no palco, esses diversos pontos de vista. A direção é de Fernando de Proença e a dramaturgia foi escrita pelo trio junto de Bobby Baq.

Em seguida, o palco do Sala IC recebe a cena curta inédita Anga Ibi, criada e dirigida por Carlos Dergan, bailarino e professor paraense que reúne prêmios de dança no Brasil e no exterior. Ele divide o palco com Rubens Santa Brígida, músico e ator indígena Tupinambá.

A partir da dança e da performance, Anga Ibi – que significa “Alma da Terra” em nheengatu, um dos idiomas do povo Tupinambá – evoca o poder do espírito da Terra, que surge como uma súplica pelo fim da destruição ambiental e pela sobrevivência dos povos originários. A cena dialoga diretamente com a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que acontece em Belém em novembro deste ano.

Por fim, após a apresentação, o público pode participar do bate-papo com os artistas da noite, mediado pelo dançarino João Paulo Lima.

|| ENTRE || ARTE E ACESSO – MOSTRA ARTÍSTICA

Data: Até 13 de Abril
Local: Avenida Paulista, 149 – Bela Vista
Ingressos: Gratuito | Reserve aqui

PROTOCOLOS

  • É necessário apresentar o QR Code do ingresso na entrada da atividade até 10 minutos antes do seu início. Após esse período, o ingresso será invalidado e disponibilizado na bilheteria.
  • Se os ingressos estiverem esgotados, uma fila de espera presencial começará a ser formada 1 hora antes da atividade. Caso ocorra alguma desistência, os lugares vagos serão ocupados por ordem de chegada.
  • A bilheteria presencial abre uma hora antes do evento começar.

Para a Sala Itaú Cultural:

  • O mezanino é liberado mediante ocupação total do piso térreo.

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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