“Mário Negreiro”, solo de Anderson Negreiro, faz nova temporada no TUSP

O artista, Macunaíma, Mário de Andrade e o teatro paulista contemporâneo são camadas da montagem em diálogo com uma série de projeções de imagens.

“Mário Negreiro” começa com Anderson no bairro paulistano da Casa Verde Alta, local onde viveu e cresceu. Ele precisa entregar um exemplar de Macunaíma para seus amigos de infância, mas perde o livro no caminho. A partir daí, percorre por vários locais da cidade de São Paulo a procura da obra.

O ator então regressa até 25 de fevereiro de 1945, dia do falecimento de Mário de Andrade. Nesta data, através de um ritual, invoca-se a figura do modernista, mas algo dá errado e o que surge é uma figura folclórica de nome Mário Negreiro que transita entre a vanguarda e a cultura popular, bem como entre os tempos.

“O público então acompanha uma viagem contrária ao do personagem/anti-herói Macunaíma:
Se Macunaíma vai da floresta à cidade, MÁRIO NEGREIRO vai da cidade à floresta/ eriferia, num rastro de apagamentos. Artista e obra e realidade e ficção se encontram”
, explica Anderson.

Anderson Negreiro em "Mário Negreiro"
Foto: Marcelle Cerrutti

Em “Mário Negreiro”, a busca por uma identidade cultural brasileira, tendo o grande artista multifacetado Mário de Andrade como interlocutor, é pano de fundo para que o ator Anderson Negreiro traga à cena um debate sobre racismo estrutural e resgate de apagamentos históricos.

No palco, Anderson Negreiro, ressalta um Mário de Andrade que se distancia das ideias do colonizador e se aproxima do interior do Brasil projetado nas periferias paulistanas. O ator “reencontrou” Mário de Andrade quando deu vida ao modernista no documentário 22 em XXI, de Hélio Goldsztejn: “Nas filmagens tive contato com novos materiais e ideias de Mário de Andrade, o que me instigou a reler sua obra clássica, Macunaíma”. O livro permeia todo o espetáculo, conta Anderson.

Anderson Negreiro em "Mário Negreiro"
Foto: Marcelle Cerrutti

Trilogia Modernista

Contemplada pelo Prêmio Zé Renato de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, a montagem integra a Trilogia Modernista, que já contou com a encenação de Tarsila ou a Vacina Antropofágica, de Viviane Dias (indicada ao Prêmio Shell de Teatro na categoria Dramaturgia).

No espetáculo, Macunaíma, inexaurível, será ainda fonte de inspiração, especialmente em sua linguagem e nas maneiras como Mário trata dos inúmeros problemas do Brasil advindos da colonização – relacionando tanto a importação de modelos socioeconômicos com a submissão cultural e desconhecimento do Brasil profundo.

Anderson Negreiro em "Mário Negreiro"
Foto: Marcelle Cerrutti

“Nos falta (ainda) um caráter nacional? Buscamos, como outras peças do projeto, a ideia do diálogo e a cultura da viagem (o encontro com o outro) como tema e linguagem. Nossa ideia é nos focarmos na perspectiva de um Mário de Andrade erudito (e embranquecido) e mais uma conversa entre mim, artista, preto, hoje, em busca de resgate de apagamentos históricos e o modernista Mário”, destaca o autor e diretor.

Sobre Anderson Negreiro

Anderson Negreiro em "Mário Negreiro"
Foto: Marcelle Cerrutti

Graduado pelo curso de Comunicação das Artes do Corpo, em Teatro e Dança pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP), participou de vários cursos, oficinas e workshops no Brasil e em países, como Alemanha, Itália, México, Chile, Colômbia e cursos com Eugênio Barba e Jan Ferslev do Odin Teatret (Dinamarca) e Parvathy Baul da Índia. Integrou a companhia Estelar de Teatro por 14 anos. Entre os espetáculos em que atuou destaque para O Longo Caminho que vai de Zero a N(2023 Centro Cultural Fiesp – SESI), direção Jé Oliveira; Elevador Social (2022 Rio de Janeiro), direção Danilo Moraes; O Beijo no Asfalto (2019 Sesc), direção de Bruno Perillo; A Gente Submersa e O Santo Dialético (2017), direção de Marcelo Marcus Fonseca; O Minuto Depois (2011), direção de Adriana Azenha; O Longo Caminho que vai de Zero a N (2013), direção de Wanderley Damasceno (indicado ao prêmio de melhor ator no Festival de Teatro de São Paulo); e além das montagens Matriarcado-América! No se puede descolonziar sin despatriarcalizar; Matriarcado de Pindorama; Invasores de Sistemas, Frida Kahlo – Calor e Frio e Caim, todas da Estelar de Teatro.

FICHA TÉCNICA:

Texto – Anderson Negreiro
Direção: Anderson Negreiro
Vídeo-Cenários: Vic Von Poser
Provocação Cênica: Viviane Dias e Ismar Rachmann
Provocação dramatúrgica: Jé Oliveira
Atuação: Anderson Negreiro
Elenco projetado em imagens: Sandra Corveloni e Ismar Smith
Voz off: Jé Oliveira
Trilha sonora: Gabriel Moreira
Criação de Luz: Anderson Negreiro e Jorge Leal
Figurinos: Éder Lopes
Cenário: Éder Lopes e Anderson Negreiro
Consultoria de movimento: Débora Veneziani
Criação de luz: Renato Banti
Operação de som e vídeos projeções: Tomé de Sousa
Fotografia: Marcelle Cerrutti
Arte Gráfica: Mau Machado
Assessoria de imprensa: Rafael Ferro

MÁRIO NEGREIRO

Anderson Negreiro em "Mário Negreiro"
Foto: Marcelle Cerrutti

Temporada: De 15 de Maio a 01 de Junho
Horário: Quinta à Sábado, 20h30 | Domingos, às 18h
Local: Rua Maria Antônia, 294, Vila Buarque
Ingressos: Gratuito | Retirada de ingressos 1 hora antes de cada sessão
Duração: 70 minutos
Classificação: 14 anos
Capacidade: 98 lugares

Siga o Canal Tadeu Ramos no Instagram

Compartilhe

Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

Meus Livros

Conheça Meu Podcast

Você Pode se Interessar

plugins premium WordPress