Fundado em 2016 na cidade de Cubatão, em SP, o Esquadrilha Marginália é formado por jovens artistas das quebradas locais. Seu novo espetáculo, “Favela de Barro – Instáveis Moradias em Queda”, faz sua temporada de estreia no Sesc Avenida Paulista.
Com direção de Sander Newton, o trabalho destrincha a formação das favelas, considerando tanto o processo de desapropriação das terras quanto as heranças étnico-culturais e seus reflexos nos cotidianos das cidades. Em cena estão Julia Victor, JùpïRã Transeunte, Luiz Guilherme, Jezuz Pereira e Rafael Almeida.

“Estamos produzindo o que chamamos de teatro pós-épico, que é um teatro de pesquisa, no qual estudamos e trazemos nossas próprias referências e realidades, tendo o território como principal fonte, sem precisarmos sair dele. Ao mesmo tempo, gostaríamos de mostrar para outras pessoas aqui do litoral que é possível fazer arte localmente”, conta Jezuz Pereira.
Sobre a encenação
Com a peça, o Esquadrilha Marginália vai inserir o público em uma favela do litoral de São Paulo, com suas cores, sonoridades e estéticas. “Lá, é muito comum as moradias em palafitas, por conta dos manguezais, e isso estará presente no nosso cenário. A encenação começa no barro”, acrescenta o artista.
Os espectadores devem se preparar para pisar na terra e interagir com a água. O grupo vai abordar o cotidiano desses espaços, incluindo brincadeiras infantis, os bailes, as relações familiares e situações que se criam a partir da ausência do estado na garantia de direitos constitucionais.

“Vamos falar sobre a formação desse território a partir do massacre de Canudos. Isso porque os soldados que voltaram dessa guerra, não tiveram as moradias prometidas pelo estado, e assim tiveram que ocupar o Morro da Providência, no Rio de Janeiro, conhecida como a primeira favela do Brasil. Quer dizer, é bem irônico que eles tenham massacrado um movimento que reivindicava moradia, e tenham tido o mesmo desfecho”, afirma Jezuz.
Dessa forma, o Esquadrilha questiona as desapropriações conduzidas pelo poder público e pelo setor privado, além de evidenciar o apagamento histórico das pessoas que construíram o Brasil, levantando as grandes cidades, e que depois foram totalmente excluídas.
A obra também mostra como a mídia se apropriou da estética do favelado. “Antes éramos motivo de chacota e, agora, a indústria da moda e a publicidade passaram a explorar esse visual como a moda do momento”, diz Jezuz.

Para a trilha sonora, o espetáculo conta com Groovy, grande produtor musical da baixada, que traz para a sonoridade da obra toda a sua pesquisa com funk, samba, coco e rap. E será tudo sonorizado ao vivo pelo próprio. No fim, haverá uma grande celebração e o público terá a liberdade de dançar.
O processo começou em 2023 e agora está pronto para os palcos. A dramaturgia é assinada por JùpïRã Transeunte, em Processo Colaborativo com o coletivo.
Ficha Técnica
Idealização: Esquadrilha Marginália
Direção: Sander Newton
Dramaturgia: JùpïRã Transeunte em Processo Colaborativo
Direção de movimento: Castilho
Atuação: Julia Victor, JùpïRã Transeunte, Luiz Guilherme, Jezuz Pereira e Rafael Almeida
Técnico de Palco: Michel do Carmo
DJ/Produção Musical: Breno Garcia (Groovy)
Desenho de Luz: Babi Sabino e Rafael Almeida
Operação de luz: Babi Sabino
Desenho de Cenografia: Jezuz Pereira
Cenotécnico: Josué Salvino
Assistência de Cenografia: JùpïRã Transeunte
Desenho e Concepção de Figurino: Amelia Maria e Júlia Victor
Assistência de Figurino: Luana Laciny e Laura Braga
Composição – canção das águas: Jezuz Pereira
Produção: Jack (Corpo Rastreado), JùpïRã Transeunte e Jezuz Pereira
Social Media: Luiz Guilherme
Apoio: Galpão Cultural – Parque Anilinas
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
FAVELA DE BARRO – INSTÁVEIS MORADIAS EM QUEDA

Temporada: 05 a 22 de Junho*
Horário: Quarta a Sábado, às 20h | Domingos e Feriados, às 18h**
Local: Avenida Paulista, 119
Ingressos: R$50,00 (inteira) | R$25,00 (meia) | R$15,00 (Credencial Plena)
Classificação: 16 anos
Duração: 90 minutos
*Sessões extras: Dias 12 e 13 de junho, às 15h.
Acessibilidade:
- Dia 18 de junho: sessão com audiodescrição
- De 19 a 22 de junho (de quinta a domingo): sessões com Interpretação em LIBRAS.
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