“Um Céu de Assombro” estreia e reflete o impacto da pandemia

Estreia de Um Céu de Assombro no Teatro Cacilda Becker aborda luto e incertezas pós-pandemia.

“Um Céu de Assombro”, dirigido por Kleber Montanheiro e escrito por Daniel Veiga, estreia no Teatro Cacilda Becker em setembro, trazendo uma narrativa instigante e emocional sobre um mundo devastado. O espetáculo aborda o luto, as incertezas e as dificuldades enfrentadas pelas pessoas após a pandemia de Covid-19, traçando um paralelo com a realidade atual. O elenco é composto por Daniela Flor e Daniel Costa, que encarnam personagens tentando sobreviver em um ambiente de escombros, em uma trama tensa e emocional.

Idealizado logo após a pandemia, “Um Céu de Assombro” surge como um retrato das angústias e dores vividas pela humanidade nesse período turbulento. Com texto de Daniel Veiga, o espetáculo foi pensado para abordar a incerteza do futuro e a incapacidade de lidar com o luto e a perda. A peça se passa em uma terra devastada, onde dois personagens, potencialmente inimigos, se comunicam através de um rádio, revelando suas fragilidades e questionamentos sobre o que o futuro reserva. O espetáculo promete trazer uma reflexão profunda sobre o que nos espera como sociedade e como indivíduos.

Daniela Flor, atriz e idealizadora da peça, explica que a inspiração para o espetáculo veio da necessidade de expressar os sentimentos de estagnação e impotência vividos durante os anos de pandemia. A obra também reflete sobre a atuação política diante da crise, destacando a sensação de abandono e a necessidade de transformar esse sentimento em arte. Segundo Daniela, “Um Céu de Assombro” é uma maneira de processar o luto coletivo e individual que foi experimentado em todo o mundo, ao mesmo tempo que convida o público a fazer uma reflexão sobre o que está por vir.

A trajetória de Um Céu de Assombro

Cena do espetáculo Um Céu de Assombro no Teatro Cacilda Becker | Canal Tadeu Ramos
Foto: Denny Naka

“Um Céu de Assombro” foi idealizado logo após o auge da pandemia de Covid-19, como uma resposta artística ao caos e às incertezas trazidas pelo período. O texto de Daniel Veiga nasceu de uma peça curta chamada Coincidente, que retratava um casal vivendo em escombros. Essa obra foi o ponto de partida para a criação do espetáculo, que expande a narrativa para refletir sobre o colapso social e emocional que a pandemia provocou. A peça busca mostrar como a incerteza do futuro e o luto podem impactar profundamente as relações humanas e a psique.

Na trama, dois personagens, uma mulher soldado e um homem intelectual, se encontram em lados opostos de uma comunicação via rádio. Ambos vivem em um cenário de destruição, entre escombros e ruínas de uma civilização que já não existe mais. Enquanto o homem tenta se comunicar com sua esposa desaparecida, a soldado busca ajuda depois de ser ferida pelo próprio capitão. A interação entre eles, marcada pela desconfiança e pela tensão, reflete as dificuldades de se conectar em um mundo que parece estar desmoronando.

Ao longo do espetáculo, a relação entre os personagens evolui de maneira imprevisível. A comunicação fragmentada, repleta de silêncios e ruídos, mantém o público em suspense, sem saber ao certo quem são aquelas pessoas e qual é a verdadeira natureza da relação entre elas. A peça utiliza esses elementos para criar uma atmosfera de isolamento e desolação, características que dialogam diretamente com os sentimentos experimentados durante a pandemia.

Direção e Elenco de Um Céu de Assombro

A direção de “Um Céu de Assombro” está a cargo de Kleber Montanheiro, reconhecido por sua habilidade em criar espetáculos visuais e narrativas impactantes. Com uma carreira marcada por montagens premiadas, Montanheiro traz para o palco um universo distópico que reflete as angústias e incertezas do nosso tempo. O diretor utiliza elementos cenográficos e sonoros para intensificar a sensação de desolação que permeia o texto de Veiga, criando uma atmosfera imersiva que prende a atenção do público.

O elenco conta com a atriz Daniela Flor e o ator Daniel Costa, que interpretam os dois protagonistas da história. Flor, que também idealizou o projeto, traz uma performance carregada de emoção, expressando o desespero e a vulnerabilidade de uma mulher que, assim como tantos outros, perdeu seu senso de direção em um mundo pós-apocalíptico. Costa, por sua vez, dá vida a um personagem igualmente perdido, mas que tenta, por meio da comunicação com estranhos, encontrar algum tipo de conforto ou redenção.

Os diálogos entre os dois são intensos, carregados de subtexto e tensão, o que torna a interação ainda mais envolvente. Em um cenário onde a confiança é escassa, o espectador é levado a questionar as verdadeiras intenções de ambos os personagens, criando uma dinâmica cativante e imprevisível.

Encenação e Cenário de Um Céu de Assombro

Cena do espetáculo Um Céu de Assombro no Teatro Cacilda Becker | Canal Tadeu Ramos
Foto: Denny Naka

A cenografia de “Um Céu de Assombro” é um dos grandes destaques do espetáculo. Criada por Kleber Montanheiro, a ambientação é composta por elementos que simbolizam o caos e a destruição de um mundo devastado. Areia, destroços e objetos fragmentados são utilizados para construir o cenário, que remete a um espaço desértico, sem vida, onde as personagens se encontram. A proposta cenográfica intensifica a sensação de isolamento e fragilidade, características centrais da narrativa.

Um elemento marcante do espetáculo é o grande relógio em cena, inspirado no projeto Doomsday Clock. Este relógio, criado em 1947, serve como um alerta para a proximidade do fim do mundo, movendo-se em direção à meia-noite sempre que uma nova catástrofe global ocorre. Na peça, o relógio avança e recua durante a trama, simbolizando o tempo que resta para a humanidade antes de um colapso definitivo.

Montanheiro utiliza o relógio como uma metáfora para o destino dos personagens e da sociedade como um todo, reforçando a ideia de que o tempo está se esgotando. A cada avanço dos ponteiros, o clima de tensão aumenta, aproximando os personagens de um desfecho inevitável. A cenografia minimalista e simbólica é um reflexo da própria narrativa, que aborda a destruição e a reconstrução em meio ao caos.

Sobre Kleber Montanheiro

Kleber r Montanheiro | Canal Tadeu Ramos
Foto: Caio Gallucci

Kleber Montanheiro é um diretor e cenógrafo multiartista com uma carreira consolidada no teatro brasileiro. Ao longo de seus 29 anos de trajetória, Montanheiro construiu uma reputação sólida por sua habilidade em combinar diferentes elementos artísticos, como cenografia, figurino e iluminação, para criar experiências teatrais imersivas e cativantes. Seu trabalho é reconhecido por sua capacidade de unir estética visual e narrativa dramática de maneira única, resultando em espetáculos que deixam uma marca profunda no público.

Entre os muitos prêmios que recebeu ao longo de sua carreira, destacam-se o APCA e o FEMSA, conquistados por suas direções e cenografias em peças como Sonho de Uma Noite de Verão e A Odisséia de Arlequino. Montanheiro também é conhecido por suas colaborações com grandes nomes do teatro brasileiro, além de ter sido indicado ao Prêmio Shell de melhor figurino e cenografia em diversos anos.

Ficha Técnica

Idealização: Daniela Flor
Texto: Daniel Veiga
Direção e Cenário: Kléber Montanheiro
Elenco: Daniela Flor e Daniel Costa
Ass. Direção: João Pedro Ribeiro
Direção Musical: Suka Figueiredo
Coreografias: Andressa Secchin
Figurino: Jay Boggo
Iluminação: Karen Mezza
Vídeos e Fotos: Denny Naka
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: Movicena Produções (Amanda Chaptiska)
Realização: Lagartixa Preta Produções
Projeto contemplado pela 18ª edição do Prêmio Zé Renato

UM CÉU DE ASSOMBRO

Cena do espetáculo Um Céu de Assombro no Teatro Cacilda Becker | Canal Tadeu Ramos
Foto: Denny Naka

Temporada: 12 de setembro a 29 de setembro
Horário: Quinta a Sábado, às 21h | Domingo, às 19h
Local: Rua Tito, 295 – Lapa
Ingressos: Gratuito | Reserve aqui
Classificação: 12 anos
Duração: 80 minutos
Capacidade: 198 lugares

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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