Fruto de seis anos de pesquisa, o espetáculo “Okan” marca o início de uma itinerância por três espaços culturais de São Paulo, com estreia no Teatro das Pretas – Centro Cultural Adebankê, que celebra 13 anos de atuação na Zona Leste, no bairro de Arthur Alvim. Combinando dança, teatro e brinquedo popular, a montagem traz ao centro da cena memórias de resistência e deslocamento evocadas por seis mulheres, em dramaturgia construída a partir de relatos de lideranças comunitárias, ex-presas políticas e fundadoras de movimentos sociais.
A circulação é parte do projeto “Okan em afluências não binárias – Laroye Exu”, contemplado pela 37ª edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo. A proposta prevê uma ocupação artística em três territórios culturais da capital, com exibições do filme “Boiá” seguidas das apresentações do espetáculo “Okan”.

O enredo do espetáculo parte de uma premissa ficcional — a perseguição de três mulheres foragidas conhecidas como Boneca, Caveira e Viola — que compõem um mosaico poético e político entrelaçado a fragmentos de fala, danças e música. Em fluxo contínuo entre corpo e palavra, o espetáculo combina ritmos populares, narrativa fragmentada e elementos de rito.
Com trilha musicada ao vivo pelas intérpretes, OKAN integra sons, texturas e símbolos: couro, chapéus, caveira, varais de fotos, esqueleto. A figura de Exu emerge como presença simbólica e poética — entre o silêncio e o riso. “Pra onde a gente vai agora?”, pergunta uma das intérpretes ao final, antes de convidar o público para a dança.

O grupo é composto exclusivamente por mulheres e dissidências de gênero, que encenam movimentações coletivas, falas sussurradas e jogos que interagem no palco com estruturas cênicas móveis. A obra propõe uma experiência sensorial e política, onde cada detalhe reforça sua dimensão ancestral: os figurinos em couro foram produzidos por Mestre Romualdo, em Arcoverde (PE); as camisetas utilizadas pertencem à coleção da historiadora Astrogilda Pereira; e a rede de linho foi bordada à mão pela bisavó de uma das intérpretes.
As entrevistas que deram origem à dramaturgia — com 17 mulheres mais velhas — também geraram vídeos publicados no Canal Heréticas. Criado em 2007, o Grupo Xingó desenvolve trabalhos nas interseções entre teatro, dança e formas de expressão populares. Com mais de dez prêmios recebidos — entre eles Fomento à Dança, ProAC, Aldir Blanc e Maria Alice Vergueiro —, o coletivo já circulou por aldeias, ocupações, assentamentos e periferias, mobilizando práticas artísticas como gesto político e coletivo.
Ficha Técnica
Realização: Grupo Xingó e Tekoha
Atuadoras: Erika Moura, Siufi, Valquíria Rosa, Ana Flor de Carvalho, Carolina Gracindo, Maria Helena Menezes, Sylvia Sato (Libras)
Direção: Juliana Pardo
Co-direção: Thais Dias
Dramaturgia: Siufi
Direção musical: Valquíria Rosa
Figurino e ornamentos: Mestre Romualdo Freitas e Ateliê Xongani
Rede e bordados: Margarete Siufi e Maria Jacques Miranda
Camisetas: Acervo Astrogilda Pereira
Apoio de Produção: Legina Leandro e Chidi Portuguez
Arte e identidade visual: Mari Moura
Social Media: Duda Lopes
Produção Executiva: Duda Viana
Assessoria de Imprensa: Pedro Madeira e Rafael Ferro
OKAN

Classificação: 12 anos
Duração: Filme: 17min | Espetáculo: 55min
Ingressos: Gratuito | Reserve pelo Sympla
TEMPORADA TEATRO DAS PRETAS – CENTRO CULTURAL ADEBANKÊ
Data: De 12 a 22 de Junho
Horário: Quinta a sábado, às 20h | Domingo, às 19h*
Local: Rua Durandé, 175, Artur Alvim
Acessibilidade: Sessões com Libras nos dias 20 e 21 de Junho
*Sessão Extra: 15 de Junho, às 15h
TEATRO ARTHUR AZEVEDO (Estacionamento)
Data: De 30 de Julho a 03 de Agosto
Horário: Quarta a Domingo, às 20h
Local: Av. Paes de Barros, 955, Alto da Mooca
Acessibilidade: Sessões com Libras nos dias 01 e 02 de Agosto
CENTRO CULTURAL SÃO PAULO (Porão)
Data: 07 a 10 de Agosto
Horário: Quinta a sábado, às 20h | Domingo, às 19h
Local: Rua Vergueiro, 1000, Liberdade
Acessibilidade: Sessões com Libras nos dias 08 e 09 de Agosto
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