Coletiva Profanas realiza nova apresentação de “E Se Sempre Fosse Dia?”

Espetáculo, que faz uma metáfora da branquitude no Brasil, se apresenta no Centro Cultural da Diversidade.

O espetáculo “E Se Sempre Fosse Dia?”, da Coletiva Profanas, continua a atrair olhares e a desafiar os limites da arte cênica no Brasil. O texto traz uma metáfora potente sobre a branquitude e a desigualdade no Brasil, explorando uma distopia onde a cegueira branca, uma metáfora da opressão racial, começa a se espalhar e contamina toda uma comunidade. A peça faz única apresentação no Centro Cultural da Diversidade.

Elenco de "E Se Sempre Fosse Dia?"
Foto: Divulgação

Na trama, a ação se passa durante um casamento em uma cidade do interior do Brasil, onde o público é convidado a adentrar a realidade de personagens alegóricos, todos impactados por essa “cegueira branca” que vem afetando os moradores locais. O casamento, que deveria ser um momento de celebração, se transforma em um pesadelo coletivo quando a cegueira se alastram rapidamente. Em meio ao caos, uma série de personagens – bispos, fazendeiros, policiais, peões e até a noiva – começam a confrontar não apenas seus limites, mas também segredos ocultos que revelam as profundas fissuras de uma sociedade desigual.

O ator Willian Lansten, que faz parte do elenco e recentemente completou sua formação na faculdade de Artes Cênicas, compartilhou uma memória muito pessoal relacionada ao Centro Cultural da Diverdidade, onde a peça será encenada. Ele contou sobre sua visita ao local, em 2019, quando ainda estava no último ano da faculdade e sonhava com a possibilidade de um dia se apresentar ali. “Antes de me mudar para São Paulo, eu tinha o desejo de me apresentar em cinco lugares que me motivaram a vir para cá. O CCD foi o terceiro palco que eu consegui realizar esse sonho”, disse Willian.

Willian Lansten em"E Se Sempre Fosse Dia?"
William Lansten | Foto: Divulgação

A lembrança daquele dia ficou gravada em sua memória. “Em 2019, vim de ônibus do interior de São Paulo apenas para conhecer o CCD e assistir a uma peça. Não imaginava que o dia terminaria com um encontro inesperado, o meu primeiro ‘date’ paulistano, tudo muito intenso, romântico e, claro, cheio de surpresas”, comentou. Esse tipo de emoção e conexão com a cidade e com sua profissão, para Lansten, é o que torna ser um artista queer em São Paulo algo tão especial. “Ser um artista queer aqui é uma mistura de loucura, intensidade e romance. Uma experiência única e, claro, cheia de desafios”, completou.

Elenco de "E Se Sempre Fosse Dia?"
Foto: Divulgação

A nova apresentação de E Se Sempre Fosse Dia? foi reformulada e traz à tona temas de grande relevância social e política. A peça inspira reflexões sobre o Brasil contemporâneo, abordando temas como desigualdade racial, a luta por espaço e voz da comunidade queer, e as dinâmicas de poder que moldam as relações sociais. O trabalho é uma poderosa crítica a um sistema marcado pela opressão e pelo controle social, algo que é muito bem explorado através do cenário, da iluminação e das performances intensas de todo o elenco.

Além disso, a dramaturgia é minuciosa e pungente, criando um ambiente desconcertante e cativante para os espectadores. A peça é inspirada por obras literárias de grandes nomes, como José Saramago, Jota Mombaça e Paul B. Preciado, cujas influências são percebidas nas questões existenciais e sociais levantadas ao longo da trama. O fato de a peça se passar em um ambiente de constante luz e claridade é um recurso cênico que reforça a ideia de um apocalipse constante, onde não há escuridão para esconder as realidades mais sombrias da sociedade.

SE SEMPRE FOSSE DIA

Elenco de "E Se Sempre Fosse Dia?"
Foto: Divulgação

Data: 21 de Fevereiro
Horário: Sexta, às 20h
Local: Rua Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi
Ingressos: Gratuito | Distribuídos 01 hora antes da apresentação
Duração: 90 minutos
Classificação: 18 anos

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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