“Culpa” é uma obra composta por cenas inspiradas nos embates e nas vivências familiares do artista disparadas pela mastectomia masculinizadora (retirada plástica dos seios). Oliver convidou seus pais para participarem da montagem, reestabelecendo o diálogo e a relação familiar no ambiente teatral.

O Sesc Belenzinho recebe em fevereiro, o espetáculo “Culpa”, a terceira peça que compõe um tríptico, um trabalho de três partes que Oliver Olívia, integrante do grupo Dispêndio, criou ao longo de sua transição de gênero. Nos dois primeiros trabalhos do Tríptico, “Não ela: o que é bom está sempre sendo destruído” (2020) e “Ele” (2021), o palco era dividido com seu marido, e na terceira peça, “Culpa”, ele convidou seus pais.
A peça narra a relação entre Oliver e seus pais, Eugênio e Rosana, ao longo de sua transição de gênero. A pandemia intensificou o distanciamento entre eles, gerado pelo estranhamento mútuo diante das mudanças. Cada etapa da transição – alteração de nome e pronomes, tratamento hormonal e cirurgia – tensionou os vínculos familiares, revelando as projeções, expectativas e preconceitos enraizados na sociedade. A interrupção da comunicação após a cirurgia serviu como ponto de partida para a criação da peça.

“Há uma linha estética comum nos três espetáculos, como projeções de textos e jogos performativos que vão sendo executados de modos diferentes a cada sessão, e não por meio de cenas marcadas. Também não há uma trilha sonora num sentido muito convencional, de embalar alguma atmosfera. O que predomina também nos trabalhos é uma moldura teatral para algo não convencionalmente teatral”, conta Oliver, reforçando que um dos atravessamentos fundamentais nos trabalhos foi a leitura de Testo Junkie, obra do escritor e filósofo transmasculino espanhol Paul B. Preciado, que também foi concebido enquanto Paul fazia uso de testosterona.
Oliver convidou seus pais para participarem da montagem, reestabelecendo o diálogo e a relação familiar no ambiente teatral. A peça resultou da composição de imagens cênicas propostas por Oliver e de elementos criativos sugeridos por seus pais. Memórias, diálogos e reflexões surgidos nos ensaios foram incorporados à dramaturgia, através de um processo colaborativo de direção e dramaturgia.
As músicas presentes na peça, algumas executadas ao vivo pelo pai de Oliver, fazem parte da história da família. Da mesma forma, as falas, os diálogos e os elementos da cenografia, como as bonecas da infância de Oliver, possuem um forte significado pessoal e familiar.
Ficha Técnica
Criação grupo Dispêndio
Concepção e direção Oliver Olívia
Dramaturgia e performance Oliver Olívia, Rosana Lagua e Eugênio Fernandes
Trilha sonora ao vivo Eugênio Fernandes
Dramaturgismo Antonio Salviano
Assistência de direção, operação de luz e vídeo Lucas Miyazaki
Iluminação e operação de luz Harth Bergman
Consultoria técnica Rodrigo Gava
Intérprete Libras Luccas Araújo
Fotos Jennifer Glass
Assessoria de imprensa Canal Aberto – Márcia Marques e Daniele Valério
Coordenação de produção e comunicação Luiza Alves
Produção executiva Dani Correia
Coordenação administrativa Paula Malfatti
Assistente de produção Veni Barbosa
Agenciamento Marisa Riccitelli Sant’ana e Rachel Brumana
Gestão Associação SÙ de Cultura e Educação
CULPA

Temporada: De 07 a 23 de Fevereiro
Horário: Sexta e Sábado, às 20h | Domingo, às 18h30
Local: Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) | R$ 25,00 (meia) | R$ 15,00 (Credencial Plena) | Compre aqui
Duração: 60 minutos
Classificação: 18 anos
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