Coletivo Comum estreia temporada de “eXílio” no Galpão do Folias

Além das sessões, haverá debate e uma oficina de canto.

O espetáculo tem canções em vários idiomas, incluindo purepecha e tamazight, línguas do atual México e do norte da África, respectivamente, além de músicas brasileiras.

Para o Coletivo Comum, os deslocamentos forçados por guerras, perseguições, mudanças climáticas e violações de direitos humanos são um dos grandes temas do presente. A partir dessa reflexão, o grupo criou o espetáculo eXílio, que após temporada no Teatro Paulo Eiró, segue para o Galpão do Folias. Junto às apresentações, o grupo realiza ações que ampliam os debates propostos, além de uma oficina de canto.

Cena do espetáculo "eXílio" do Coletivo Comum
Foto: Fernando Reis

Com base no teatro documental, o Coletivo estruturou 30 cenas curtas que abordam diferentes aspectos do exílio. O elenco é formado por Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Ícaro Rodrigues, Renata Soul e Roberto Moura. Cada quadro trata de experiências ligadas à migração, ao refúgio e às rupturas territoriais e afetivas.

O título eXílio traz o X em destaque para marcar a ideia de conflito e encruzilhada. Segundo o diretor Fernando Kinas, o trabalho se conecta com contextos atuais como os conflitos na Palestina e na Ucrânia, além da ascensão da extrema direita no mundo. O grupo amplia a discussão ao incluir situações de exílio interno, como as vividas sob ditaduras e por quem não se sente representado pelo próprio país.

O espetáculo também trata do sentimento de não pertencimento. Pessoas LGBTQIAP+ e outras populações marginalizadas enfrentam formas de exclusão que as afastam de seus corpos, territórios ou comunidades. Esses atravessamentos fazem parte da investigação cênica do coletivo.

Cena do espetáculo "eXílio" do Coletivo Comum
Foto: Fernando Reis

A dramaturgia se apoia em diversos materiais, como o livro Conversas de Refugiados, de Bertolt Brecht, traduzido e comentado por Tercio Redondo, professor da USP e consultor do projeto. Também foram usadas cartas de migrantes, notícias da imprensa e documentos oficiais. Segundo o ACNUR, mais de 110 milhões de pessoas vivem atualmente fora de seus locais de origem, muitas sujeitas a violências como estupro, humilhação e discriminação.

O grupo se inspirou em personagens reais, como Moïse Kabagambe, imigrante congolês morto no Rio; a militante exilada Dorinha; e o crítico palestino Edward Said, que propôs o conceito de orientalismo.

A encenação aposta na proximidade com o público, utilizando um dispositivo circular com barreiras, que remete a campos de refugiados e deportação. “Chamamos de campo cênico, pois também é campo de memória e resistência”, afirma Beatriz Calló, assistente de direção.

A trilha sonora tem papel central. Renata Soul e Roberto Moura, que também assina a direção vocal, integram o elenco e executam músicas que dialogam com os temas da migração.

FICHA TÉCNICA
Roteiro: Fernando Kinas, com a colaboração de Beatriz Calló e elenco
Direção: Fernando Kinas
Elenco: Fernanda Azevedo, Maria Carolina Dressler, Renata Soul, Ícaro Rodrigues e Roberto Moura
Assistência direção: Beatriz Calló
Cenografia: Julio Dojcsar
Iluminação e operação de luz: Dedê Ferreira
Assistência de iluminação e operação de luz: Márcio Gonçalves
Figurino: Beatriz Calló, com a participação do Coletivo Comum e pessoas em condição de migração e refúgio
Treinamento e direção vocais: Roberto Moura
Pesquisa musical e trilha: Fernando Kinas, com a colaboração de Eduardo Contrera
Assessoria dramatúrgica: Tercio Redondo (Bertolt Brecht e o exílio)
Interlocução crítica: Clóvis Inocêncio (Berna), Beatriz Whitaker, Leneide Duarte-Plon, Dominique Durand e Cimade (Paris), Organon Art Cie (Marseille), Jean-Michel Dolivo (Lausanne), Rabii Houmazen (Marrocos e São Paulo), Museu da Imigração do Estado de São Paulo, Arro (Afeganistão e São Paulo), Padre Assis (Cabo Verde e São Paulo)
Desenho e operação de som: Lienio Medeiros
Programação visual: Casa 36|Camila Lisboa
Fotografia: Fernando Reis
Estágio e assistência de produção: Julia Molino
Serralheiro: Fernando Lemos (Zito)
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto|Márcia Marques, Daniele Valério e Carol Zeferino
Produção: Patricia Borin
Realização: Coletivo Comum

EXÍLIO

Cena do espetáculo "eXílio" do Coletivo Comum
Foto: Fernando Reis

Temporada: 19 a 30 de Junho*
Horário: Quinta a Sábado, às 20h30 | Domingos, às 18h | Segunda(30/06), às 20h30
Local: R. Ana Cintra, 213 – Campos Elíseos
Ingresso: Gratuito
Duração: aproximadamente 140 minutos
Classificação: 14 anos

*Sessão com intérprete de libras: 27 de junho

Debate após apresentação: 22 de Junho
Convidadas: Luana Alves e Vera Telles.

Debatedores
Foto: Divulgação
  • Luana Alves é psicóloga, antirracista, anticapitalista, defensora do SUS e vereadora pelo PSOL.
  • Vera da Silva Telles é socióloga e professora livre-docente sênior do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo. No Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS-USP), vincula-se à linha de pesquisa “cidades, interações, desigualdades e (i)mobilidades socioespaciais”. Coordena o grupo de pesquisa Cidade e trabalho.

Reservas: circulacaoexilio@gmail.com / IG: @coletivocomum

Oficina de canto com Roberto Moura

Data: 24 de Junho
Horário: Terça, das 14h às 18h
Local: Rua Conselheiro Carrão, 288 – Bela Vista
Ingressos: Gratuito
**Inscrições: irculacaoexilio@gmail.com / IG: @coletivocomum

  • Roberto Moura tem uma experiência de quatro décadas com técnicas vocais e de canto, particularmente com o estudo de realizações musicais consolidadas por longos processos de decantação cultural. Trabalhou em diversos países europeus, sobretudo na França, onde reside há 20 anos, e na África, especialmente Burkina Faso, onde realizou trabalhos e pesquisas.

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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