O premiado coletivo volta ao Minhocão, no centro de São Paulo – palco de alguns de seus espetáculos –, para a estreia de “Cidade Brinquedo”. Com música, bonecos, objetos cênicos e cenários divertidos, a montagem reúne quatro palhaços, que inventam brincadeiras no espaço público junto com as crianças da plateia para experimentar uma nova possibilidade de cidade.
Brincar, brincar, brincar até a cidade virar brinquedo. A frase, repetida várias vezes ao longo de “Cidade Brinquedo”, o novo espetáculo do Grupo Esparrama, dá pistas do que a plateia, principalmente as crianças, encontrarão ao longo das apresentações. A montagem, que joga luz na seriedade do brincar para o desenvolvimento humano, faz apresentações gratuitas no Minhocão (Elevado Presidente João Goulart).
“Cidade Brinquedo” repete a parceria do Grupo Esparrama com Bobby Baq na dramaturgia, após o sucesso de Acorda! (Indicado ao prêmio APCA de Teatro Infantojuvenil 2024), e conta com direção de Iarlei Rangel. O elenco é formado por Fabiana Carqueijo (Puntiléia), Laruama Alves (La Rosa), Lígia Campos (Pafúncia Maionese), Kleber Brianez (Arquivaldo Regrário) e Rani Guerra (Batatinha).
A partir da ideia de que não existe um lugar garantido na cidade para desenvolvimento pleno das crianças por meio das brincadeiras, “Cidade Brinquedo” reúne os palhaços Batatinha, La Rosa, Pafúncia Maionese e Puntiléia, que inventam brincadeiras no espaço público junto com as crianças da plateia experimentando uma nova ideia de cidade. Porém o personagem Arquivaldo Regrário, que toma conta das regras da cidade, entra em cena para esclarecer que eles não podem violar as regras e que suas brincadeiras não podem acontecer nas ruas.
Segundo o diretor Iarlei Rangel, o novo espetáculo do Grupo Esparrama mostra que as cidades possuem, cada vez menos, espaços públicos de brincar seguros acessíveis e inclusivos. “Com a falta de espaços tanto físicos, como também simbólicos, as brincadeiras vêm com o tempo perdendo qualidade. E brincar é coisa séria, já que é uma forma de expressão fundamental para o desenvolvimento do ser humano na sua fase inicial”, explica ele.
Para os integrantes do Grupo, a proposta da montagem é de uma “ocupação brinquedo”, pois convoca toda a plateia a usar o espaço público junto com o Esparrama. Enquanto as crianças brincam o espetáculo, os adultos são responsáveis por dar o “contorno” da cena.
Conselho de crianças
Com música ao vivo, bonecos, objetos cênicos e cenários divertidos, “Cidade Brinquedo” experimenta dinâmicas para pensar uma nova cidade a partir de quatro brincadeiras diferentes ao longo da sua apresentação. Na primeira, as crianças da plateia poderão brincar de navegar em um enorme rio, e na segunda, não poderão pisar em determinados espaços na conhecida brincadeira do chão de lava. Na sequência tem as brincadeiras da minhoca, que vai formando uma enorme fila e a do passarinho, que remete a também conhecida pega-pega.
Para a criação de “Cidade Brinquedo” o coletivo formou um Conselho de Crianças do Grupo Esparrama. Foram 15 crianças de 7 a 13 anos vizinhas do Grupo Esparrama (região central de São Paulo, próximo ao Minhocão) selecionadas por um chamamento público, que se reuniram durante quatro sábados na Biblioteca Monteiro Lobato.
“A partir dos encontros com as crianças surgiu a ideia do espetáculo ser focado na importância do brincar. Por isso a montagem será totalmente aberta para as intervenções das crianças nas brincadeiras, que foram testadas pelos participantes do nosso conselho mirim”, conta Iarlei Rangel, que ainda pontua: “”Cidade Brinquedo” é a continuação lógica da pesquisa do Esparrama. Saímos da janela e agora circulamos pelo território”.
Comemoração de 10 anos
As apresentações de “Cidade Brinquedo” integram o projeto Surgidouro, que comemorou os 10 anos do grupo Esparrama, com ações abertas para toda a cidade, mas com a região central como foco.
Contemplado pela 42ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura, Surgidouro propôs uma série de ações que se articularam entre si, tomando como eixo organizador a ideia das Cidades Educadoras, projeto presente em diversos países do mundo que tem como premissa uma concepção de educação na qual a escola não é a única responsável pelos processos educativos da, e na cidade, ainda que ela tenha um papel importante. Essa concepção entende que o aprender e o ensinar são condições ontológicas e, portanto, acontecem em todos os lugares e em todas as idades. Além disso, pressupõe que a educação se faz essencialmente no coletivo e através do diálogo entre diferentes saberes, instituições e atores sociais.
Além das apresentações de “Cidade Brinquedo”, o projeto Surgidouro apresentou a trilogia Teatro de Janela, a Mostra de Repertório com as montagens do grupo concebidas para a sala teatral, uma residência na Escola Municipal Duque de Caxias e um seminário voltado para artistas e educadores.
Ficha técnica:
Concepção – Grupo Esparrama. Dramaturgia – Bobby Baq e Grupo Esparrama. Direção – Iarlei Rangel. Elenco – Fabiana Carqueijo, Laruama Alves, Lígia Campos, Kleber Brianez e Rani Guerra. Direção Musical – Rani Guerra. Trilha Musical e Músicas Originais – Tô Bernado e Rani Guerra. Produção Musical – Estúdio Indlu. Criação e Confecção dos Bonecos e Adereços Cênicos – Evelin Cristina e Rodrigo Barcena Mendes. Identidade Visual dos Bonecos, Adereços Cênicos e Arte Gráfica – Marina Faria. Assistente de Pintura – Gabryela Duarte. Cenotécnico – Leandro Alves. Criação e Confecção do Brinquedo de Som – André Ryuji. Criação de Figurino – Christiane Galvan. Costureiras – Ana Griz e Nana Simões. Contrarregras – Venâncio Ramos e Dega. Técnica de Som – Mica Matos. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Direção de Produção – Paloma Alves | Obará Produções. Realização – Grupo Esparrama.
CIDADE BRINQUEDO
Temporada: De 23 a 31 de Janeiro*
Horário: Sexta, às 16h
Local: Praça Franklin Roosevelt, s/nº – Bela Vista**
Ingressos: Gratuito
Duração: 50 min
Classificação: Livre
*Sessões Extras: Dias 25 e 26 de Janeiro e 01 e 02 de Fevereiro, às 16h
**Minhocão (Elevado Presidente João Goulart), em frente a escada de acesso da Rua Jaguaribe próximo da alça de acesso do Metrô Santa Cecília.
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