Você deletaria alguém? Reflexões sobre “Brilho Eterno”

Uma reflexão sobre o amor e a memória, "Brilho Eterno" está em cartaz o Teatro Bravos.

Quem nunca pensou (ou quis) apagar uma situação meio cômica, meio constrangedora, ou um amor que não deu certo (na real, o que é “dar certo”?) pode atirar a primeira pedra.

Nenhuma? Pois bem, seguimos. “Brilho Eterno” — que está de volta aos palcos, em curta temporada no Teatro Bravos — nos traz essa questão sob a visão de Jorge Farjalla.

A princípio, ao ler o título da peça, você automaticamente lembra do longa “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” de Charlie Kaufman, e não está errado. Farjalla se inspirou no roteiro estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet, e foi uma aposta certeira.

No palco minimalista, acompanhamos a história de encontros, desencontros e reencontros de Jesse (Reynaldo Gianecchini) e Celine (Tainá Müller), que fazem de tudo para manter o relacionamento. Mas aqui cabem duas perguntas: fazem de tudo mesmo? E, para manter um relacionamento, é necessário fazer de tudo?

Elenco de "Brilho Eterno"
Foto: Priscila Prade

Jesse decide, em determinado momento, que não. Ele é apresentado à corporação Sabotagem (com uma ótima referência a Top Top, de Cássia Eller), uma empresa que promete apagar lembranças ruins. A forma como os funcionários dessa empresa são retratados, com alusão a abutres — sempre rondando a presa e esperando o momento certo para atacar — ficou impecável. Qualquer semelhança com as big techs sedentas pelos seus dados é mera coincidência, hein?

Farjalla brinca com espaço e o tempo (técnica aplicada excelentemente em seu outro espetáculo “Clara Nunes – A Tal Guerreira) para fazer você se questionar o que está realmente acontecendo: o que é mera imaginação ou o desejo dos personagens.

Elenco de "Brilho Eterno"
Foto: Priscila Prade

Sim, há briga, solidão, consensos e desejos alheios em meio às diversas questões que habitam quem já viveu um relacionamento. E quando tudo parece que não vai dar certo, bora apagar? Deletar fotos, deixar de seguir nas redes, impedir qualquer um de ousar dizer seu nome… Funciona? Na teoria, sim. Mas quando você volta para casa – depois de um barzinho com risadas e cervejas com amigos, garantindo para todos que você está bem – e está sozinho com sua mente e coração… Será que está tudo apagado?

Dá para apagar tudo mesmo? Do coração? Da mente? E, afinal, onde ficam os sentimentos?

Muitas questões, né? E isso é o que me encanta em qualquer espetáculo me me despertas isso após a sessão.

Claro, tem algumas referências ao filme de 2004, mas nada que possa estragar sua experiência caso não tenha visto. Pode assistir “Brilho Eterno” e, na sequência, ver o longa. Você vai perceber como, em 20 anos, as coisas e as relações mudaram muito. Ou será que não?

BRILHO ETERNO

Elenco de "Brilho Eterno"
Foto: Priscila Prade

Temporada: Até 23 de Fevereiro de 2025
Horário: Sextas, às 21h | Sábados, às 17h e às 21h | Domingos, às 18h
Local: Rua Coropé, 88 – Pinheiros
Ingressos: Compre aqui
Plateia Premium – R$180,00 (inteira) e R$90,00 (meia-entrada)
Plateia Inferior – R$120,00 (inteira) e R$60,00 (meia-entrada)
Mezanino – R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia-entrada)
Capacidade: 636 lugares, incluindo 7 poltronas adaptadas para obesos e 12 lugares reservados para cadeirantes.
Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
Duração: 70 minutos
Classificação: 12 anos

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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