O texto ficciona a história real de uma mulher do final do século XVIII acusada de loucura e rebeldia e enclausurada no convento do Recolhimento da Conceição
O romance “Carta à Rainha Louca”, de Maria Valeria Rezende, lançado em 2019, é a matéria-prima da peça “Isabel das Santas Virgens e sua Carta à Rainha Louca”, que reestreia em março no Teatro Itália, com direção de Fernando Philbert e idealização, adaptação e atuação de Ana Barroso. A parceria entre atriz e diretor nasceu da longa convivência artística de ambos com o diretor Aderbal Freire-Filho (1941-2023), de quem absorveram os princípios básicos e o amor pelo teatro.

O texto ficciona a história real de uma mulher do final do século XVIII acusada de loucura e rebeldia e enclausurada no convento do Recolhimento da Conceição, em Olinda, Pernambuco. Através de uma carta, ela tenta se comunicar com a Rainha Maria I de Portugal, conhecida como a Rainha Louca, com quem se sente irmanada na opressão pelo mundo dos homens, e de quem espera receber clemência e liberdade.
A carta relata os destemperos e injustiças praticados pelos homens de poder contra mulheres, escravizados e todos que se encontravam em situação de vulnerabilidade. Entre perdas e amores proibidos, a saga de Isabel passa por períodos em que assumiu uma identidade masculina para conseguir viver da única coisa que sabia fazer: ler e escrever.
A vivência de Isabel – tanto a real quanto a ficcional –, narrada em suas cartas (que existem de fato, mas não endereçadas à rainha) vai ao encontro das vivências da maioria das mulheres de então e chega até os dias de hoje, uma vez que a luta feminista ainda se encontra longe do seu fim.
A SAGA DE ISABEL DAS SANTAS VIRGENS, UMA MULHER DO SÉCULO XVIII – UMA SAGA AINDA ATUAL

Isabel das Santas Virgens foi uma menina branca, filha de portugueses pobres recém- chegados ao Brasil para trabalhar num engenho de cana de açúcar no Recôncavo Baiano. Com a perda precoce dos pais, é criada entre a senzala e os aposentos da jovem sinhazinha Blandina, filha única do poderoso Senhor do Engenho. Com o passar dos anos, Blandina e Isabel, já crescidas, se apaixonam pelo mesmo homem, o aventureiro Diogo. A sinhazinha acaba se entregando ao “pecado da carne” e é punida, junto a Isabel, com a clausura num convento. Mais adiante, com a morte de Blandina e já em liberdade, Isabel assume uma identidade masculina para atuar em trabalhos que envolviam a escrita e não eram permitidos às mulheres, e acaba novamente presa.
A personagem é uma heroína feminista: sem recursos ou proteção de quem quer que seja, enfrenta perigos e desafios munida de suas únicas ferramentas: a inteligência e a capacidade de ler e escrever, adquirida durante a convivência na casa grande.
Com suas cartas, Isabel expõe, com algum humor e uma boa dose de ironia, o pano de fundo da colonização brasileira e da situação da mulher que ousava desafiar o status quo. Foi subjugada de todas as formas porque ousou ir além do que lhe era permitido. É a história da luta de uma mulher por sua própria sanidade – através das palavras e do exercício de organização mental, é capaz de manter um pouco de si, escrevendo, escrevendo e escrevendo.
FICHA TÉCNICA:
Direção: Fernando Philbert
Adaptação e atuação: Ana Barroso
Música original: Marcelo Alonso Neves
Cenografia: Natalia Lana
Iluminação: Vilmar Olos
Figurino: Luciana Cardoso
Projeto gráfico: Raquel Alvarenga
Assistência de direção: Renata Guida
Preparação vocal: Angela de Castro/rj e Lilian de Lima/sp
Pintura de arte: Ana Frazão
Cenotécnico: Almir Rocha
Operação de som: Vicente Barroso
Operação de luz: Lucas JP Santos
Fotos: Nil Caniné e Anne Godoneo
Gestão e conteúdo das mídias: Anne Godoneo e Sarah Marques
Assessoria de imprensa e produção executiva: Fabio Camara
Produção local: Lugibi Produções Artísticas
Produção e idealização: Ana barroso/BB Produções Artísticas
ISABEL DAS SANTAS VIRGENS E SUA CARTA À RAINHA LOUCA

Temporada: De 13 de Março a 24 de Abril
Horário: Quintas, às 20h
Local: Av. Ipiranga 344 – República
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) | R$ 40,00 (meia) | Compre aqui
Capacidade: 290 lugares
Duração: 60 min
Classificação: 12 anos
Siga o Canal Tadeu Ramos no Instagram