Os espetáculos Portar(ia) Silêncio, de Jhoao Junnior, e A Cobradora, da Zózima Trupe em parceria com a atriz Maria Rosa, se mesclam em uma nova proposta cênica intitulada “Entre(vistas), O Masculino Migrante E O Feminino Errante” – Uma sobremontagem dos espetáculos Portar(ia) Silêncio e A Cobradora. A nova montagem, que chegou aos palcos em 2024, segue com apresentações gratuitas no no Centro Cultural Olido e no Centro Cultural da Penha.

O projeto nasce da ideia de integrar duas dramaturgias distintas, mas conectadas por um forte vínculo de pesquisa e temática. O conceito de “sobremontagem”, criado por Jhoao Junnior e Maria Rosa, propõe um entrelaçamento entre as encenações, gerando um diálogo cênico por meio de cenas, movimentos e narrativas que criam um espetáculo dentro do outro. A direção é assinada por Jhoao Junnior, Maria Rosa e Anderson Maurício, com a proposta de investigar as ressonâncias e contrastes entre as histórias de vida abordadas em ambas as obras.
“Entre(vistas), O Masculino Migrante E O Feminino Errante” – Uma sobremontagem dos espetáculos Portar(ia) Silêncio e A Cobradora se desvia da simples sequência de montagens, criando uma fusão de cenários e personagens, onde A Cobradora abre espaço para as imagens de Portar(ia) Silêncio, e vice-versa. As duas obras se complementam ao abordar a vida de trabalhadores invisibilizados, como porteiros de edifícios e cobradoras de ônibus, refletindo sobre a migração, a pobreza, o colonialismo e o servilismo contemporâneo.
Histórias universais e cruzamento de olhares
A montagem inclui um prólogo autoficcional, no qual ocorre uma espécie de entrevista entre os artistas e seus personagens. Jhoao Junnior explica que o prólogo não é apenas uma entrevista, mas um momento de estar “entre as vistas” – entre os olhares do público e entre o próprio relacionamento cênico com Maria Rosa. Para ela, a novidade da peça está na forma como as duas obras se permeiam, com seus corpos em cena atravessando e questionando as fronteiras entre os trabalhos.
Portar(ia) Silêncio traz as histórias de homens migrantes nordestinos que trabalham como porteiros em São Paulo. O espetáculo investiga os efeitos da migração e os impactos do colonialismo na vida desses trabalhadores, com um olhar crítico sobre a palavra falada e o sotaque, utilizando a profissão de porteiro como metáfora para discutir a relação entre pobreza, invisibilidade e migração.

Por outro lado, A Cobradora coloca em cena a história de mulheres migrantes que trabalham como cobradoras do transporte público da cidade. A obra revela histórias permeadas por violência, amor, solidão e sonhos roubados, refletindo sobre a insubmissão dessas mulheres em sua busca por dignidade, igualdade e justiça.
Ambas as peças dialogam diretamente, como em um debate cênico, no qual o masculino migrante retratado em Portar(ia) Silêncio se confronta com o feminino errante de A Cobradora, dando lugar a uma reflexão profunda sobre as realidades de classes sociais subalternas.
Premiação e retomada
O projeto foi contemplado pelo Programa Funarte de Retomada – Teatro/2023 e, em 2021, teve uma etapa de desenvolvimento no Prêmio Zé Renato para o Teatro da Cidade de São Paulo. Durante o período pandêmico, as apresentações foram feitas remotamente, mas agora, com a retomada presencial, a sobremontagem poderá ser apreciada ao vivo pelo público.
Ficha técnica:
Atuação – Jhoao Junnior e Maria Rosa. Direção – Anderson Maurício, Jhoao Junnior e Maria Rosa. Dramaturgia [A Cobradora] – Claudia Barral. Dramaturgia [Portar(ia) Silêncio] – Jhoao Junnior. Texto Prólogo – Jhoao Junnior. Dramaturgismo – Criação Coletiva. Técnico e Operação de Som – Eddu Ferreira. Espaço Cênico – Criação Coletiva. Iluminação e Projeção Mapeada– Fagner Lourenço. Produção Executiva – Tati Lustoza. Assistente de Produção [A Cobradora] – Brenda Rebeka. Assistente de Produção [Portar(ia) Silêncio] – Daniela Adams. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Realização – Potyguar Produções. Coprodução – Zózima Trupe
ENTRE(VISTAS), O MASCULINO MIGRANTE E O FEMININO ERRANTE – Uma sobremontagem dos espetáculos Portar(ia) Silêncio e A Cobradora

CENTRO CULTURAL OLIDO
Dias 21 e 22 de Janeiro | Terça e Quarta, às 19h
Av. São João, 473 – Centro Histórico de São Paulo, São Paulo.
CENTRO CULTURAL DA PENHA
Dia 23 de Janeiro | Quinta, às 20h
Largo do Rosário, 20 – Penha de França, São Paulo
Ingressos: Gratuitos (distribuídos uma hora antes do início da sessão nas bilheterias dos locais de apresentações)
Duração: 120 minutos
Classificação: 14 anos
Siga o Canal Tadeu Ramos no Instagram