A instalação coreográfica “O Banho” é uma reflexão sobre as questões propostas pela vida de Dona Sebastiana de Mello Freire, Dona Yayá. Mulher da elite paulistana que ao ser diagnosticada doente mental teve a sua casa no bairro da Bela Vista, São Paulo, parcialmente transformada em um hospital psiquiátrico privado e nela permaneceu isolada por ordens medicas entre 1919 e 1961.
“O Banho” não tem como foco a doença mental de Dona Yayá e não é uma narrativa linear sobre a sua vida. Mas, coloca a questão: qual seria a subjetividade dessa mulher que, quando isolada, teve todos os vestígios que lhe remetiam a sua vida anterior retirados, e mesmo assim sobreviveu por quarenta anos? A instalação coreográfica “O Banho” é composta por elementos de dança, performance e vídeo, cujas imagens realizadas na casa da Dona Yayá, na sua maioria a partir dos reflexos do solarium de vidro, remetem a passagem do tempo e a dissolução do corpo em uma reflexão sobre a sua efemeridade.
Durante a apresentação o corpo da performer permanece imerso em uma banheira–casa, movendo-se em limitado espaço e ilimitado tempo, suspenso pelo ponto no qual encontra-se entre vida e morte. Em uma referência aos experimentos realizados pelo médico Jean-Martin Charcot, no hospital Salpêtrière em Paris, com pacientes histéricas, os quais eram abertos a um público especializado e consistiam de repetitivos ataques induzidos nas pacientes que hoje podem ser analisados como performances teatrais. “O Banho” é sobretudo um ritual de limpeza, cura e uma homenagem a Dona Yayá e as mulheres que viveram ou vivem situações semelhantes a dela e resistem.
O projeto Feminino Informe já apresentou o solo de dança Les Poupées e as duas versões de Bondages, na cúpula do Theatro Municipal de São Paulo. A programação tem o apoio do 35º Programa de Fomento a Dança, que consiste na manutenção do seu núcleo artístico com a circulação de quatro espetáculos, em 24 apresentações com ingressos gratuitos ou preços populares. Depois da versão solo, a artista estreia Bondages em versão trio, de 15 a 20 de novembro, na Cúpula do Theatro Municipal de SP. Prêmio APCA 2004, O Banho encerra o projeto da artista com seis apresentações no SESC Ipiranga.
Ficha Técnica
Concepção/Direção – Marta Soares. Performance – Marta Soares. Desenho de Som – Lívio Tragtenberg. Desenho de Luz – Wagner Pinto. Edição e Finalização do Vídeo – Leandro Lima. Produção – CAIS Produção Cultural. José Renato F. de Almeida e Beto de Faria. Realizado com o apoio do 35º Programa de Fomento a Dança. Recebeu o Prêmio APCA 2004. Duração: 50 minutos. Classificação: livre.
Temporada: De 22 de Novembro a 01 de Dezembro
Horário: Sexta, às 21h30 | Sábado e Domingo, às 18h30
Local: R. Bom Pastor, 822 – Ipiranga
Ingressos: R$ 40,00 (inteira) | R$ 20,00 (meia) | R$ 12,00 (credencial plena) | Compre aqui
Duração: 50 minutos
Capacidade: 40 lugares
Classificação: 14 anos
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