O Teatro do Incêndio estreia o espetáculo “De Dionísio para Koré”. Com direção de Marcelo Marcus Fonseca e coreografias de Francisco Silva, a montagem é baseada no livro homônimo de autoria de Fonseca, que traz o amor descontrolado de um deus por uma mortal, gerando a morte e o renascimento por meio da constante troca de papéis entre os dois amantes.
Do encontro com a obra Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão, de Hilda Hilst, o diretor Marcelo Marcus Fonseca criou 42 poemas sintéticos que contam a trajetória de Koré (Perséfone jovem), seduzida por Dionísio e transformada nele próprio para devolver-lhe a dor. Escrito em três dias, o livro busca o ponto de vista do Deus grego, despedaçado e renascido, em diálogo constante com a obra de Hilst.
O espetáculo é uma aventura pela dança e pelo ritual, estabelecendo uma relação mística com a plateia em busca da celebração dos mistérios de Elêusis e Delfos. Fruto das reuniões para preparação da celebração dos 30 anos da companhia em 2026, a peça surgiu como um reencontro com a própria formação da companhia, a sua pele, sua introspecção ritual.
“É Teatro em sua essência de dança, mas uma dança interna, às vezes como um butô. É só um encontro, nada pretencioso, de nossos silêncios em diversas formas com as diversas formas de silêncios e segredos de quem vem assistir”, diz o diretor da montagem e do grupo. “Mas é também uma resposta ao horror da ascensão do fascismo no Brasil por meio da glorificação do corpo, da sexualidade saudável e implacável, algo que apavora e ridiculariza esses canalhas”, completa.
O espetáculo foi confeccionado com colaboração entre todos os envolvidos na empreitada, com criação de coreografias por Francisco Silva, componente que está há 10 anos no Teatro do Incêndio. “Fizemos um experimento com esses poemas em 2015, porém zeramos aquela primeira ideia. Os tempos são outros, e artistas diferentes trouxeram uma leitura completamente nova daquilo que se buscava lá atrás”, comenta o coreógrafo que assina sua primeira direção de movimento na Companhia, “é uma leitura política do corpo”, finaliza.
Segundo o poeta, tradutor e ensaísta Claudio Willer, que assina o prefácio do livro em questão, o autor “é atemporal, ao expressar-se através de imagens que tanto poderiam estar em clássicos quanto em inovadores contemporâneos”. Outro expoente da geração Beat brasileira, Roberto Bicelli, escreve ainda sobre o livro: “Marcelo nos conduz pela senda nada fácil da poesia: leva-nos com ele por Eros e Thanatos, aproximando-nos da beleza convulsiva, a única em que Breton acreditava”.
O ritual poético De Dionísio para Koré cumpre sua temporada, dando, então, lugar aos ensaios do próximo espetáculo, previsto para o início de 2025, que iniciará o repertório para festejar os 30 anos do Teatro do Incêndio.
Ficha Técnica | Texto e direção: Marcelo Marcus Fonseca. Coreografia: Francisco Silva. Elenco: Francisco Silva, Dhiovana Souza, Marcelo Marcus Fonseca, Isabela Alonço, Sabrina Sartori, Amy Campos e Henrique de Sá. Iluminação: Beto Martins e Marcelo Marcus Fonseca. Figurino: Sabrina Sartori e Sara Zizuino. Assistência de iluminação e operação de luz: Sara Zizuino. Trilha sonora: Marcelo Marcus Fonseca. Mixagem de áudio: Daniel Klaussner. Operação de som: Bruno Macedo e Daniel Klaussner Cenografia: Marcelo Marcus Fonseca e Sara Zizuino. Fotografia: Kym Kobayashi. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Produção e realização: Teatro do Incêndio.
DE DIONÍSIO PARA KORÉ
Temporada: 26 de Outubro a 15 de Dezembro
Horário: Sábados, às 20h | Domingos, às 19h
Local: Rua Treze de Maio, 48 – Bela Vista
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) | R$ 25,00 (Meia)| Compre aqui
Duração: 55 min
Classificação: 16 anos
Capacidade: 80 lugares
Acessibilidade
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