Sonhos em cena com “Autoexame de Corpo de Delito” no TUSP

Mergulhe num universo onírico onde música, dança e teatro convidam o público a uma jornada pelos sonhos de Walter Benjamin e Lucienne Guedes.

Com atuação e dramaturgia de Lucienne Guedes, encenação de Eliana Monteiro e músicas de Daniel Maudonnet, espetáculo leva à cena narrativas oníricas de Walter Benjamin e da própria dramaturga, além de canções originais

Uma espécie de máquina de sonhar que cria uma cena política de encantamento, Autoexame de Corpo de Delito é uma experiência que explora o universo dos sonhos a partir da mistura de diferentes linguagens artísticas. O espetáculo tem sua temporada de estreia no TUSP – Teatro da USP, do Centro MariAntonia.

A partir de ideia original e dramaturgia da atriz Lucienne Guedes, a montagem tem encenação de Eliana Monteiro. Em cena estão a própria atriz e o pianista Daniel Maudonnet, compositor das músicas originais.

Atriz Lucienne Guedes em cena durante o espetáculo Autoexame de Corpo de Delito, explorando o universo dos sonhos
Foto: Mayra Azzi

No momento histórico em que vivemos, repletos de informações terríveis sobre as incessantes guerras, a destruição da natureza, as disputas por poder e o avanço de ideias autoritárias e extremistas, conseguir pensar de outras maneiras e ampliar o universo existencial virou necessidade de sobrevivência.

Para o neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro, em seu livro O Oráculo da Noite, “o sonho acontece no alheamento da realidade para imaginar o que poderia ser”. Foi a partir dessa importância dos sonhos na elaboração do mundo, feita por todos nós durante a noite, que a dramaturgia se desenvolveu.

Também foi um desafio imaginar um tipo de espetáculo que fosse tão encantador quanto os sonhos são. A dramaturgia traz narrativas de sonhos que são alternadas com as canções, compostas especialmente para a peça.

Além dos sonhos escritos por Lucienne Guedes, foram escolhidos também alguns da obra do filósofo alemão Walter Benjamin. Ele viveu na Alemanha nos anos entre a Primeira e da Segunda Guerras Mundiais, num contexto de destruição que muito pode se assemelhar ao nosso, sobretudo quanto à dificuldade em vislumbrar tempos melhores.

As músicas têm autoria de Daniel Maudonnet e letras de Lucienne Guedes. Logo no início do processo de criação, a atriz e dramaturga convidou o músico para estruturar sonoramente o universo do espetáculo. O neurologista inglês Oliver Sacks, em seu livro Alucinações musicais, afirma que “nós, humanos, somos uma espécie musical, além de linguística”. Ele ainda explica que a música é, ao mesmo tempo, tão fácil de entender e tão inexplicável, e reproduz as emoções mais íntimas do nosso ser, mas sem a realidade e distantes da dor. Assim, sonhos e músicas, duas capacidades irmãs dos seres humanos, trabalham juntas na peça Autoexame de Corpo de Delito.

 Daniel Maudonnet em cena durante o espetáculo Autoexame de Corpo de Delito, explorando o universo dos sonhos.
Foto: Mayra Azzi

Para a diretora Eliana Monteiro, a peça é uma experiência criada para que as pessoas se conectem com seus próprios sonhos, de maneira coletiva, e então despertem para encarar a realidade. “Tentam tirar o nosso tempo de sono e, consequentemente, de sonho para que estejamos anestesiados, sem sentir ou compreender o que somos ou desejamos. Recompor o sonho como parte de nossa existência é demarcar os contornos daquilo que nos humaniza e não pode ser tolhido”, afirma a encenadora. Sem separação física entre a atriz, o pianista e o público, a sala de concertos do Centro MariAntonia – TUSP se torna um espaço imersivo e onírico.

A peça dá continuidade à parceria entre a encenadora e a atriz e dramaturga. Elas já trabalharam juntas em peças do Teatro da Vertigem e outras, como em A Última Palavra é a Penúltima 2.0 (2014), Enquanto Ela Dormia (2017) e Na Solidão dos Campos de Algodão (2022), entre outros trabalhos.

A equipe criativa tem ainda Aline Santini na iluminação, Bianca Turner nos vídeos, Claudia Schapira no figurino e Irupé Sarmiento na direção de movimento.

Ficha técnica

Dramaturgia e atuação: Lucienne Guedes
Encenação e espaço cênico: Eliana Monteiro
Piano, composição musical e arranjos: Daniel Maudonnet
Letras das músicas: Lucienne Guedes
Iluminação: Aline Santini
Vídeo: Bianca Turner
Direção de movimento: Irupé Sarmiento
Figurino: Claudia Schapira
Assistência de iluminação e operação de luz: Gabriela Ciancio
Operação de luz: Felipe Mendes
Engenharia de som: Filipe Magalhães
Design: Renan Marcondes
Fotografia: Mayra Azzi
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Redes sociais: Jorge Ferreira
Estagiaria no processo de criação: Bárbara Freitas
Assistência de produção: Renata Allucci e Sofia Marucci
Direção de produção: Leonardo Birche

AUTOEXAME DE CORPO DE DELITO

Palco do TUSP durante a apresentação de Autoexame de Corpo de Delito, uma experiência teatral imersiva
Foto: Mayra Azzi

Temporada: Até 27 de Outubro*
Horário: Sextas e Sábados, às 20h | Domingos, às 18h
Local: Rua Maria Antonia, 294 – Vila Buarque
Ingressos: Gratuitos | Distribuídos 1h antes de cada sessão na bilheteria
Capacidade: 60 lugares
Classificação: 12 anos
Duração: 60 minutos
Acessibilidade: espaço acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

*Sessões extra com interpretação em Libras: Dias 03 e 17 de Outubro

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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