Sobremontagem “Entre(Vistas)” estreia na SP Escola de Teatro

"Entre(Vistas)" reúne "Portar(ia) Silêncio" e "A Cobradora" em uma sobremontagem que dialoga sobre migração e violência de gênero.

A sobremontagem “Entre(Vistas), o Masculino Migrante e o Feminino Errante” estreia na SP Escola de Teatro, na Praça Roosevelt, em São Paulo. A peça une as montagens “Portar(ia) Silêncio”, de Jhoao Junnior, e “A Cobradora”, da Zózima Trupe em parceria com a atriz Maria Rosa, criando um conceito inovador no teatro contemporâneo. A montagem propõe um diálogo cênico entre as dramaturgias, discutindo temas como migração, trabalho e violência de gênero, com base em histórias reais de porteiros e cobradoras de ônibus da cidade.

Criada em 2020, a parceria entre Junnior e a Zózima Trupe surgiu como um projeto de diálogo artístico entre os dois espetáculos, que evoluiu para a criação dessa sobremontagem. A ideia inicial de apresentar as montagens em sequência foi expandida para uma encenação única que mescla as duas obras, com o objetivo de aprofundar a reflexão sobre o servilismo, invisibilidade e as cicatrizes da migração.

A união de “Portar(ia) Silêncio” e “A Cobradora”

Cena de "Entre(Vistas)" com personagens porteiros e cobradoras em diálogo
“A Cobradora” | Foto: Leonardo Souzza

“Entre(Vistas)” propõe um formato inovador no qual os espetáculos “Portar(ia) Silêncio” e “A Cobradora” se fundem, abrindo espaço para que uma montagem permeie a outra. Assim, as histórias dos porteiros e das cobradoras, personagens principais das peças, se entrelaçam, criando novas camadas de significados que revelam nuances da vida dos trabalhadores invisibilizados nas grandes cidades.

Para o novo espetáculo foi criado um prólogo autoficcional no qual acontece um tipo de entrevista entre os artistas e personagens. Para Jhoao Junnior o prólogo para além de ser uma entrevista é um ato de estar entre as vistas. “No palco, eu estou entre as vistas das pessoas, entre os olhares, e também entre as vistas com a Maria. Então a gente se provoca nesse lugar, como dois artistas migrantes que moram em São Paulo”, conta ele.

Já a atriz Maria Rosa pontua que tanto ela quanto Jhoao agora estão habitando as duas obras. “Não é só uma obra seguida da outra, mas também uma obra que permeia a outra em uma relação com dois corpos em cena.”

Histórias de vida e o teatro documental

Cena de "Entre(Vistas)" com personagens porteiros e cobradoras em diálogo
“Portar(ia) Silêncio” | Foto: Mylena Sousa

As dramaturgias de “Portar(ia) Silêncio” e “A Cobradora” foram construídas a partir de uma extensa pesquisa documental, baseada em relatos orais colhidos diretamente de porteiros e cobradoras de ônibus em São Paulo. Esse enfoque documental confere às narrativas um caráter profundo e universal, conectando os espectadores com os dilemas, sonhos e frustrações desses trabalhadores, que muitas vezes permanecem invisíveis na sociedade.

Portar(ia) Silêncio é um espetáculo criado a partir de narrativas de vida de homens migrantes nordestinos à cidade de São Paulo que trabalham como porteiros de edifícios da capital paulista. A obra lança olhos sobre os efeitos da migração na vida do indivíduo partindo de uma abordagem crítica sobre a palavra falada, o sotaque e os efeitos do colonialismo tendo a profissão de porteiro como metáfora para problematizar o servilismo dos dias atuais e a relação entre pobreza invisibilidade e migração.

A Cobradora põe no palco as histórias de mulheres, migrantes em sua maioria, que trabalham como cobradoras do transporte público da cidade de São Paulo. Em cena, a mulher cobradora, a trabalhadora das catracas, mas também a insubmissa, que cobra seu direito pela dignidade, igualdade e justiça. Os relatos, de histórias orais, biografias colhidas nos ônibus da cidade, estão sempre permeados pela violência, amor, solidão e sonhos que lhe foram fecundados e roubados, evidenciando mulheres únicas e ao mesmo tempo universais.

Ficha Técnica:

Atuação – Jhoao Junnior e Maria Rosa. Direção – Anderson Maurício, Jhoao Junnior e Maria Rosa. Dramaturgia [A Cobradora] – Claudia Barral. Dramaturgia [Portar(ia) Silêncio] – Jhoao Junnior. Texto Prólogo – Jhoao Junnior. Dramaturgismo ­– Criação Coletiva. Técnico e Operação de Som – Eddu Ferreira. Espaço Cênico – Criação Coletiva. Iluminação e Projeção Mapeada– Fagner Lourenço. Produção Executiva – Tati Lustoza. Assistente de Produção [A Cobradora] – Brenda Rebeka. Assistente de Produção [Portar(ia) Silêncio] – Daniela Dams. Assessoria de Imprensa – Nossa Senhora da Pauta. Realização – Potyguar Produções. Coprodução – Zózima Trupe.

ENTRE(VISTAS), O MASCULINO MIGRANTE E O FEMININO ERRANTE

Cena de "Entre(Vistas)" com personagens porteiros e cobradoras em diálogo
Foto: Leonardo Souzza, Mylena Sousa

Temporada: De 13 a 22 de setembro
Horário: Sextas e Sábados, às 20h | Domingos, às 18h
Local: Praça Franklin Roosevelt, 210 – Bela Vista
Ingressos: Gratuitos | Reserve aqui
Duração: 120 minutos
Classificação: 14 anos

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Tadeu Ramos

Social Media e criador de conteúdo. Compartilho aqui conteúdos culturais, com destaque para a comunidade LGBTQIAPN+

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